Neste dia, há 50 anos atrás, Portugal viveu um momento transformador. 25 de Abril de 1974, um dos maiores dias da nossa história, o maior da história contemporânea. Dia em que se colocou um ponto final na ditadura do Estado Novo e se abriram as portas à democracia e à Europa.

A afirmação da liberdade enquanto valor fundamental será sempre a principal causa, louvor e triunfo da Revolução dos Cravos. O fim da opressão e do silêncio coagido, a consagração de garantias e direitos a todos os cidadãos. O fim do isolamento a que nos votou a ditadura.

Em cinco décadas, o país progrediu de forma categórica.

O acesso à Saúde deixou de ser um privilégio, apenas disponível para famílias de bolsos fundos, e passou a ser um direito. A esperança média de vida aumentou 13 anos, a taxa de mortalidade infantil é quase 15 vezes menor do que no início da década de 1970.

A Educação passou a prioridade. Um em cada quatro portugueses era analfabeto em 1970, hoje são apenas 3%. Mais de 20% da população já concluiu formação no Ensino Superior, valor que se aproxima dos 45% se contarmos apenas as gerações mais jovens. Um nítido contraste com o período do Estado Novo, em que apenas 5% dos portugueses tinham concluído o Secundário.

Também a qualidade de vida dos portugueses melhorou muito. Ao passo que hoje nos encontramos no pelotão da frente no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o Portugal de 1980 estava ao nível da Guiné Equatorial nos dias de hoje.

Sem esquecer, como é evidente, todo o progresso nas liberdades individuais (nomeadamente para as mulheres, mas não só) que não é possível medir em gráficos ou com números.

Todas as conquistas dos últimos 50 anos têm de ser protegidas.

São precisamente essas conquistas que o crescimento da extrema-direita faz perigar. Os populistas minam as instituições democráticas (e assim os serviços públicos), atiçam a divisão entre os portugueses, até se prestam a recuperar o lema do Estado Novo, e propõem-nos uma “Quarta República”, ou seja, para acabar com aquela que começou em Abril de 1974.

Mas também preocupa o desnorte na direita democrática, onde ainda se tenta minimizar a importância do 25 de Abril, forçando uma falsa equivalência com o 25 de Novembro de 1975. Ainda agora um membro do Governo decidiu anunciar as comemorações nacionais desta última data no congresso do seu partido.

Comemorar Abril pede humildade e unidade. Um olhar de reconhecimento para aquilo que a Revolução nos trouxe, acompanhado por mais ambição para futuro. Uma sociedade sustentável e ainda mais igual, eis os grandes desafios dos próximos 50 anos.

Há um desafio demográfico e um desafio climático para ganhar. Mas há um enorme mar de gente que ao mesmo tempo reclama mais igualdade entre os cidadãos. 50 anos depois de Abril, ainda há caminho a percorrer, dizem corretamente os portugueses.

Respeitemos Abril, continuando a cumprir Abril. Para que os saudosistas do 24 de abril sejam derrotados sempre em democracia! Agora e por mais 50 anos. Viva o 25 de Abril.

Rosto de coragem, inquebrantável no momento mais difícil para o SNS e para milhões de portugueses. Uma mulher forte e uma forte cabeça de lista às eleições europeias. O rosto em Portugal da mais bem-sucedida política europeia dos últimos anos, e um símbolo do desastre que representa a extrema-direita negacionista.

QOSHE - Abril, sempre - Pedro Marques
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Abril, sempre

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25.04.2024

Neste dia, há 50 anos atrás, Portugal viveu um momento transformador. 25 de Abril de 1974, um dos maiores dias da nossa história, o maior da história contemporânea. Dia em que se colocou um ponto final na ditadura do Estado Novo e se abriram as portas à democracia e à Europa.

A afirmação da liberdade enquanto valor fundamental será sempre a principal causa, louvor e triunfo da Revolução dos Cravos. O fim da opressão e do silêncio coagido, a consagração de garantias e direitos a todos os cidadãos. O fim do isolamento a que nos votou a ditadura.

Em cinco décadas, o país progrediu de forma categórica.

O acesso à Saúde deixou de ser um privilégio, apenas disponível para famílias de bolsos fundos, e passou a ser um direito. A esperança média de vida aumentou 13 anos, a taxa de mortalidade infantil é quase 15 vezes........

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