As últimas eleições legislativas demostraram a relevância de cada força política na influência governativa. Da nova geometria parlamentar resultou a clara influência de três partidos: PSD, PS e Chega, sem os quais não se fará aprovar qualquer política pública no decorrer desta legislatura.

Aos restantes partidos, com uma posição de relevância meramente circunstancial, caberá um esforço acrescido de tentativa de implementação das suas propostas e de influência das políticas públicas, com vista à manutenção e capitalização do seu eleitorado. Para a Iniciativa Liberal, que vinha de uma rota de crescimento exponencial nas últimas eleições legislativas, esta tentativa de influência deverá ser ainda mais uma preocupação.

Retomando à campanha eleitoral, em que a Iniciativa Liberal optou por uma estratégia de constantes aproximações à AD e a Montenegro, com a consciência das consequências que daí adviriam. Recordamos agora, com alguma graça, da declaração apresentada por Rui Rocha a André Ventura, e que este último se recusou a assinar, com um compromisso de que este não inviabilizaria um eventual Governo entre PSD e IL. Começou assim a primeira semana de campanha eleitoral da IL, tudo foi feito para que os liberais e os sociais-democratas fossem vistos como aliados. Já no decorrer da segunda semana de campanha eleitoral, a IL mudou de estratégia, tentando demonstrar a ineficiência de um eventual voto útil na AD numas eleições tão polarizadas. Uma verdadeira antítese entre o que se passara na primeira semana, com todas as consequências a ela inerentes.

O agora apelidado “urbano-rural” Montenegro, dificilmente aceitará fazer parte da revolução liberal e da missão de libertar os portugueses do estatismo permanente. Parece-me hoje em dia uma realidade cada vez mais óbvia, considerando um início de governação muito aquém da tão proclamada mudança apregoada durante toda a campanha eleitoral, passando também por uma gestão calamitosa na apresentação das listas para as eleições Europeias, cujos reflexos seguramente se irão fazer ver no próximo dia 9 de junho.

Este monte negro liberal, que Rui Rocha enfrenta agora, é exatamente o mesmo de março deste ano, não nos enganemos. A única forma de afirmação do ideário liberal nesta legislatura será por via de uma oposição séria, responsável, construtiva e com propostas muito focadas na melhoria da qualidade de vida dos portugueses. É essencial, para o crescimento do liberalismo em Portugal, a capitalização do eleitorado que é capaz de percecionar o estatismo que os três partidos com influência promovem e que tem colocado Portugal constantemente na cauda da Europa.

Destas eleições e deste início de legislatura ficou evidente o nível de compromisso que o centro-direita pode ter entre si. Se o que nos une é o combate ao socialismo enraizado neste país e corporizado pelos partidos de esquerda, o que nos separa também deve ser manifestamente claro. Qualquer tipo de acordo, ou mesmo eventuais coligações futuras, tem de ser fundamentado num ganho líquido muito significativo para a implementação do liberalismo em Portugal. Caso contrário, estaremos a hipotecar a implementação do Liberalismo em Portugal, caminho que poderá encontrar paralelo com o seguido após a revolução liberal.

Para que não restem dúvidas: no atual panorama político nacional só existe um partido com efetiva capacidade de devolver aos cidadãos todas as liberdades que têm vindo a ser coartadas pelos sucessivos executivos, bem como pelas instituições supranacionais, de que é exemplo a própria União Europeia. Esse partido é o único que defende a autodeterminação do indivíduo em todos os aspetos da sua vida: económico, político e social. Esse partido é, logicamente, a Iniciativa Liberal.

Rui Malheiro
Conselheiro Nacional da Iniciativa Liberal

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O monte negro liberal

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08.05.2024

As últimas eleições legislativas demostraram a relevância de cada força política na influência governativa. Da nova geometria parlamentar resultou a clara influência de três partidos: PSD, PS e Chega, sem os quais não se fará aprovar qualquer política pública no decorrer desta legislatura.

Aos restantes partidos, com uma posição de relevância meramente circunstancial, caberá um esforço acrescido de tentativa de implementação das suas propostas e de influência das políticas públicas, com vista à manutenção e capitalização do seu eleitorado. Para a Iniciativa Liberal, que vinha de uma rota de crescimento exponencial nas últimas eleições legislativas, esta tentativa de influência deverá ser ainda mais uma preocupação.

Retomando à campanha eleitoral, em que a Iniciativa Liberal optou por uma estratégia de constantes aproximações à AD e a Montenegro, com a consciência das consequências que daí adviriam. Recordamos agora, com........

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