António Oliveira promete avançar em 2028 caso Pinto da Costa seja derrotado. Este anúncio mais parece um apelo ao voto em André Villas-Boas...

Com as eleições à porta, aumenta sobremaneira o tom da campanha, com os candidatos a esgrimirem os últimos argumentos para convencer o eleitorado ainda indeciso. Uma das novidades foi o anúncio de António Oliveira — o denominado braço direito do homem que lidera a lista A —, ao assumir em Penafiel, curiosamente a sua terra-natal, que será candidato em 2028 caso Pinto da Costa seja derrotado nas eleições do próximo sábado. É uma declaração de intenções, válida e assertiva, mas o que se lê nas entrelinhas é apenas o facto de o candidato a vice-presidente da Lista A estar a assumir a derrota antecipada do homem que conduz os destinos do emblema azul e branco há 42 anos.

De igual forma, passa a mensagem a todo o universo azul e branco — e principalmente a André Villas-Boas — que com ele não haverá união no próximo quadriénio, ele que tanto proclamou unidade e agora ameaça minar quem se propõe a dar um rumo futurista ao clube e, acima de tudo, afastar o cenário de falência técnica que paira sobre o FC Porto há um par de anos.

Terá sido uma boa estratégia de AntónioOliveira revelar a sua vontade de ir a votos em 2028? Ou apenas a confirmação de que será oposição cerrada a André Villas-Boas caso se confirme a vitória do antigo treinador? O timing escolhido foi este e já não há volta a dar, sabendo-se que qualquer que seja a decisão nas urnas o tribunal do Dragão continuará sempre dividido. De um lado estarão os fiéis seguidores de Pinto da Costa, que nunca aceitarão o facto de a liderança estar entregue a alguém que não seja o seu Deus maior; do outro, a franja de sócios que se revê em AndréVillas-Boas, visto como uma lufada de ar fresco, com ideias inovadoras, muitas das quais plagiadas pela candidatura adversária.

Pinto da Costa e os membros da sua candidatura sabem que há um núcleo forte que aposta na vitória do carismático líder azul e branco, mas também têm plena consciência que do outro lado, sobretudo na faixa etária mais nova, há muitos sócios que entraram com força na onda criada por um aventureiro que se propôs a combater o poder instalado há mais de quatro décadas. As últimas notícias sobre o incumprimento do fair play financeiro da UEFA por parte do FC Porto não abonam a favor da intenção de Pinto da Costa materializar nas urnas o seu 16.º mandato. O presidente dos presidentes, como lhe chama André Villas-Boas, terá um duro teste à sua credibilidade no ato eleitoral que se aproxima.

Mas há uma verdade que é inegável: o clube está dividido e dividido continuará, independentemente do vencedor...

19 abril 2024, 23:50

Vice-presidente avança cenário se o atual presidente for derrotado no dia 27