“Bá tocar ao diabo”, dizia uma voz esmagada pelo coberto do xaile…” além do mais, ele é um encanto de rapaz, um rosto de fazer desmaiar qualquer rapariga”, suspira alguém carente de desejos…
Já as apreciações da Condessa de Tomar a viver no Palácio de Mateus eram adornadas de contornos poéticos e filosóficos que suscitavam alguma incompreensão aos demais ouvintes. Os movimentos da cabeça, bem como a do velho conde, eram sinais evidentes que reforçavam a forte admiração pelo músico da Banda Velha de Mateus e que ainda muito jovem foi convidado pelo tenente Falcão para a Banda do 13 em Vila Real.
Na verdade, os sons do Diogo no saxofone desencantavam paixões que facilmente hipnotizavam…
Até mulheres casadas, também não ficavam indiferentes … por vezes simulavam uma ida à fonte quando Diogo tocava o seu instrumento na Rua da Moira.
Diogo gostava de mulheres bonitas e com cintura estreita. Leónia Mendes assentava-lhe na perfeição…
Um dia, chega a Vila Real a companhia Rentini, formada por um elenco de artistas de grande reputação nacional. Desse conjunto, uma mulher sobressai: Leónia Mendes, filha do empresário…como o circo precisava de um saxofonista e de um tocador de serrote, nada melhor que o Diogo para satisfazer tais exigências. Já nos ensaios, o músico fica admirado com a organização do circo. Contudo, os seus olhares vão para a bela Leónia. Hipnose que havia de durar até à morte prematura de Diogo.
A paixão entre os dois não passa despercebida, e Leónia pede permissão ao pai para casar. Este, recusa categoricamente. Entretanto fogem os dois para Coimbra em condições economicamente miseráveis, mas em crescendo de paixão. Com a ausência dos dois, o circo perde na bilheteira e o pai vê-se na obrigação de permitir o casamento da filha com Diogo.
Efémera vida de casados que havia de durar dezoito meses.
Em Lisboa, integrado no circo, aproveita uns dias de férias e vem a Mateus. Sai na estação de Vila Real e percorre a pé o resto da viagem em tarde quente e irrespirável. Ao chegar a Casal de Matos, transpirado, bebe água gelada tirada do poço da Senhora Júlia, emborcando-a sofregamente. Momentos depois, sente-se mal e é levado ao hospital onde é assistido pelos médicos Vilar, Durão e Júlio. Mas tantos cuidados foram insuficientes…
Diogo Paradela morre em 1942, quando faltavam poucos dias para celebrar 30 anos de idade.
O funeral foi participado por uma multidão de pessoas, incluindo gente do teatro, da revista e músicos civis e militares.
Anos depois, Leónida Mendes casa com João Aleixo, filho do poeta António Aleixo, mas todos os dias lembrava Diogo… Dizia sonhar com ele, ouvindo-o tocar o mágico saxofone e o vibrante serrote…
A morte prematura de Diogo
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01.02.2024
“Bá tocar ao diabo”, dizia uma voz esmagada pelo coberto do xaile…” além do mais, ele é um encanto de rapaz, um rosto de fazer desmaiar qualquer rapariga”, suspira alguém carente de desejos…
Já as apreciações da Condessa de Tomar a viver no Palácio de Mateus eram adornadas de contornos poéticos e filosóficos que suscitavam alguma incompreensão aos demais ouvintes. Os movimentos da cabeça, bem como a do velho conde, eram sinais evidentes que reforçavam a forte admiração pelo músico da Banda Velha de Mateus e que ainda muito jovem foi convidado pelo tenente Falcão para a Banda do 13 em Vila Real.
Na verdade, os sons do Diogo no saxofone desencantavam paixões........
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