Ainda me lembro de um velhinho que a custo tocava numa velha sanfona. O seu netinho acompanhava-o sentindo as mãos quentes e protetoras do avô…quando o avô tocava, da sua boca saiam bafos e suspiros. Havia nele vontade de tocar o seu instrumento como forma de sobreviver às dificuldades da vida.

Vivia pois na alegria dos sons que lhe prolongavam os anos e as recordações. Morreu antes do Natal, feliz ao toque de uma velha melodia…morreu saboreando uns lindos acordes que o fizeram sorrir emprestando aos seus olhos uma luz ardente…

O velhinho olhou a sanfona com um sorriso libertador como nunca ninguém tinha visto. Olhou depois a imagem de Jesus Cristo que parecia sorrir para ele. Assim, ele quis morrer nesse Natal, altura ideal para quem acredita no espírito desta quadra…

O neto chorou num pranto que lhe inundou o rosto e entristeceu de morte o seu débil coração. O avô era a sua âncora, o seu único sustento, a razão da sua existência.

Antigamente neste mês morria-se muito, definhavam-se pessoas de muita idade pelas emoções incitadas nas lembranças em que as famílias se uniam numa aliança forte de amizade e de amor ao próximo…

Dezembro, mês em que Jesus veio ao Mundo para salvar a humanidade dos seus pecados. Ele trouxe uma sublime mensagem aos homens de boa vontade: a da paz e do amor entre todos para que as nações não semeiem a miséria, a violência e não abusem dos fracos e dos pobres…

É sabido que todos desejamos a paz e perante tantas atrocidades e indiferenças das desgraças alheias, a solução para que a luz da razão a todos ilumine não tem sido tarefa fácil porque a ambição humana ignora a miséria bem como as guerras cruéis e devastadoras…

Na verdade, hoje o Homem quase desconhece o espírito verdadeiro de Natal. Os comportamentos desumanos não dão tréguas e a febre da ambição desmedida, cega a racionalidade criando monstros abomináveis.

Nesta quadra é preciso dar voz aos deserdados, aos fracos de coração em nome do Nascimento do Menino Redentor…

Neste mês de Dezembro, para quem sente o espírito natalício, o tempo continua a deslizar tranquilo, sereno, imbuído de esperanças renovadoras…

E as luzes, as estrelas e o céu parecem querer furar o negrume das noites assombradas, alumiando o coração de todos, dando luz a quem sofre na escuridão do isolamento e da indiferença.

O espírito de Natal é cada vez mais necessário para que se possa acreditar que a Paz Universal é possível quando sentirmos que Jesus nasceu para engrandecer a alma dos habitantes da Terra.

Precisamos de um 14 e com neve porque ela, quando cai, homenageia a Natureza que enleva e mostra a pureza dos corações… e porque a neve nos indica caminhos e lampejos de felicidade.

QOSHE - Precisamos de um natal com amor e com neve - Adérito Silveira
menu_open
Columnists Actual . Favourites . Archive
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close
Aa Aa Aa
- A +

Precisamos de um natal com amor e com neve

10 0
14.12.2023

Ainda me lembro de um velhinho que a custo tocava numa velha sanfona. O seu netinho acompanhava-o sentindo as mãos quentes e protetoras do avô…quando o avô tocava, da sua boca saiam bafos e suspiros. Havia nele vontade de tocar o seu instrumento como forma de sobreviver às dificuldades da vida.

Vivia pois na alegria dos sons que lhe prolongavam os anos e as recordações. Morreu antes do Natal, feliz ao toque de uma velha melodia…morreu saboreando uns lindos acordes que o fizeram sorrir emprestando aos seus olhos uma luz ardente…

O velhinho olhou a sanfona com um sorriso libertador como nunca ninguém tinha visto. Olhou depois a imagem de Jesus Cristo que parecia sorrir para........

© A Voz de Trás-os-Montes


Get it on Google Play