Os vila-realenses foram às urnas e não fizeram mais do que refletir o que se foi sentindo no concelho nos últimos meses.

A Aliança Democrática ganhou por largo, o Chega apareceu com uma força única e o Partido Socialista não chega aos 10 mil votos, coisa que já não acontecia, em eleições nacionais, há muito tempo.

Analisados os resultados freguesia a freguesia, encontramos vários fatores para que se tivesse chegado a este ponto. Olhando para a cidade, não é difícil identificar uma mão cheia de circunstância que nos levam a compreender o acontecido.

A pergunta que se coloca, por agora, é a seguinte – pode o Partido Socialista voltar a ser o partido mais votado nas próximas autárquicas? A resposta é sim, o PS vai voltar a receber a confiança maioritária dos eleitores.

Mas basta esperar sentado para que assim seja? Isso seria o caminho para uma desgraça.

Se formos honestos, o PS sofre antecipadamente, no concelho, a ‘praesidis abdicatio syndrome’. Rui Santos, um político astuto como se reconhece, terá entrado numa espécie de negação neste último mandato. Parece que deseja que depois dele seja o caos. Só parece, mas não é verdade!

No PS há, entre outros, dois protagonistas que são mais-valia – o atual Presidente e o atual Vice-Presidente. E é natural que o número dois siga ao número um. Mas, para isso, importa que não se queira tratar cada eleitor com desprimor, como se fosse autómato na arte de votar na mãozinha.

O PS teve dois bons mandatos e é a partir desses primeiros mandatos que temos que construir um novo tempo. Esses oito anos tiveram vários protagonistas, mas alguns desses protagonistas, vereadores e assessores, estão cansados e presumidos perante o povo.

Nas últimas eleições, Rui Santos indiciou a transição, mas não lhe deu empowerment. Alexandre Favaios aparece com simpatia, acessibilidade, honestidade, mas não assumiu cabalmente as suas autonomia e presença políticas, coisa que conseguirá se lhe derem o espaço que merece. Mara Minhava é hoje um recurso extraordinário de competência e de trabalho, e deve integrar o novo tempo com relevo. Deve ser a partir daqui que o PS deve caminhar.

Como pode caminhar? A primeira grande opção é pela eleição de Favaios como Presidente da Comissão Política Concelhia. Se assim não for é porque haverá poderes fáticos que querem condicionar as listas. Ora, isso será a linha direta para a derrota. Eleja o PS uma nova direção a pensar nos vila-realenses e no futuro, não no presente e no establishment.

A segunda grande opção é a da renovação. Com os resultados de domingo (10) não será impossível que a próxima Câmara possa não vir a ter uma maioria de um só partido. Assim, interessa garantir que os primeiros quatro candidatos possam cobrir todas as áreas municipais, todas as realidades sociais e todas as gerações.

A terceira grande opção é pela escolha de candidatos às Juntas de Freguesia que não sejam só emissores de atestados. Na maior parte delas há excelentes pessoas que jogarão pela vitória, mas a cidade é suficientemente importante para não se deixar a escolha a uma sucessão administrativa e sem critério.

A quarta grande opção é pela renovação do pessoal político. Quando se olham as fotografias dos eventos já não há povo, só aparelho. Ora, os cidadãos começaram a ter uma certa embirração com alguns dos agentes no terreno. Há sempre soluções para todos se se ganharem as eleições. Se forem perdidas também todos ficarão à porta.

Em suma, o concelho tem um candidato a presidente, Alexandre Favaios, e um candidato a Presidente da Assembleia Municipal, Rui Santos. Que o segundo honre o seu legado fazendo seguir o primeiro com sucesso, liberdade e autoridade. Se o PS perder não há história nem memória, só uma insignificante nota de rodapé.

Para quem iniciou, a partir de 1991, o caminho do que só chegou em 2013, seria uma profunda desilusão, uma derrota pesada.

QOSHE - Legislativas 2024 – Autárquicas 2025: o caso de Vila Real - Ascenso Simões
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Legislativas 2024 – Autárquicas 2025: o caso de Vila Real

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21.03.2024

Os vila-realenses foram às urnas e não fizeram mais do que refletir o que se foi sentindo no concelho nos últimos meses.

A Aliança Democrática ganhou por largo, o Chega apareceu com uma força única e o Partido Socialista não chega aos 10 mil votos, coisa que já não acontecia, em eleições nacionais, há muito tempo.

Analisados os resultados freguesia a freguesia, encontramos vários fatores para que se tivesse chegado a este ponto. Olhando para a cidade, não é difícil identificar uma mão cheia de circunstância que nos levam a compreender o acontecido.

A pergunta que se coloca, por agora, é a seguinte – pode o Partido Socialista voltar a ser o partido mais votado nas próximas autárquicas? A resposta é sim, o PS vai voltar a receber a confiança maioritária dos eleitores.

Mas basta esperar sentado para que assim seja? Isso seria o caminho para uma desgraça.

Se formos honestos, o PS sofre antecipadamente, no concelho, a ‘praesidis abdicatio syndrome’.........

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