Uma das maiores batalhas do território interior em geral e dos transmontanos em particular, consubstancia-se na descentralização da esfera do poder e serviços do litoral em benefício do nosso território, questionando-se – certas vezes além do intelectualmente razoável – qual a justificação para que tal suceda.

No entanto, procedendo a séria análise, seremos apenas vítimas da centralização ou também a praticamos?

Ora vejamos, tendo por consideração os atos eleitorais legislativos dos antecedentes 13 anos, ou seja, desde o XII Governo Constitucional, eleito a 20-06-2011 até ao momento, constata-se uma evidente e hegemónica proeminência de algumas áreas territoriais do distrito, em detrimento das remanescentes de menor aglomeração e mais interiorizadas.

Desde o período supra indicado foram eleitos quatro governos, no qual se inclui o hodierno XV, sendo elegidos cinco deputados em cada um dos sufrágios, o que perfaz uma totalidade de vinte mandatos. Destes vinte, dez eram oriundos – ou tinham uma ligação social mais próxima – com Vila Real, cinco com Chaves, três com o Peso da Régua, um com Alijó e o remanescente nem do distrito era.

A predominância dos selecionados – principalmente no que tange com os de Vila Real – é compreensível, tal como a centralização da metrópole, quando se verifica de forma moderada. Porém, estas demonstrações de supremacia não são mais que meros caprichos eleitorais que nem sempre se coadunam com a capacidade dos escolhidos para o efeito.

Dos hodiernos candidatos, e tendo por referência apenas aqueles que se posicionam em situação elegível, dois aproximam o seu centro de vida de Vila Real, dividindo-se os restantes quatro em igual número por Chaves, Régua, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar.

Não obstante o reconhecimento do trabalho e admiração que possuo por alguns dos pretéritos e, previsivelmente, futuros representantes, é incompreensível esta ideia que os decisores fazem subentender quanto à incapacidade generalizada dos representantes de Alijó, Boticas, Mesão Frio, Mondim de Basto, Montalegre, Murça, Ribeira de Pena, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar.

Este nosso comportamento político não torna a constante luta pela descentralização da Administração Pública menos legítima ou justa, contudo, a comparação aqui estabelecida leva-nos a crer que, em conformidade com o que peticionamos e exigimos à metrópole, devemos ser mais abrangentes, estabelecer pontes, prestar a devida e necessária atenção a todas as comunidades do distrito e, sobretudo, valorizar a continuidade do nosso território, independentemente da densidade populacional e força eleitoral de cada um.

QOSHE - Descentralizar o distrito - Iuri Morais
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Descentralizar o distrito

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08.02.2024

Uma das maiores batalhas do território interior em geral e dos transmontanos em particular, consubstancia-se na descentralização da esfera do poder e serviços do litoral em benefício do nosso território, questionando-se – certas vezes além do intelectualmente razoável – qual a justificação para que tal suceda.

No entanto, procedendo a séria análise, seremos apenas vítimas da centralização ou também a praticamos?

Ora vejamos, tendo por consideração os atos eleitorais legislativos dos antecedentes 13 anos, ou seja, desde o XII Governo Constitucional, eleito a 20-06-2011 até ao momento, constata-se uma evidente e hegemónica proeminência de algumas áreas........

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