Este texto é o quarto que escrevo sobre o Guerra Junqueiro.

No congresso que teve lugar no dia 13 de outubro último, no Porto, assisti à apresentação do livro Paisagens Junqueirianas com o Douro ao fundo, da autoria de Henrique Manuel Pereira, professor na Universidade Católica. Não conhecia o autor, mas durante o dia de congresso ficou bem claro para mim que se trata de uma pessoa da cultura, com as ideias bem alinhadas e com conhecimentos muito profundos do escritor e poeta. Até esse dia via o poeta como meu familiar por parte de sua mãe. A partir daí, muito por influência do Henrique, passei a vê-lo como o poeta ímpar que Portugal teve como seu cidadão.

Quando regressei a casa, iniciei a leitura do livro a uma média de 7 ou 8 páginas por dia, o que me ocupou cerca de 35 dias do meu tempo.

A partir desse dia pus-me a par do que o Henrique publicou, além deste livro, que me permitiu ficar com uma ideia muito mais precisa do que foi Guerra Junqueiro como poeta e, muito mais importante para mim, o que foi como pessoa. Mostrou que tinha preocupações com as pessoas, pois, por mais de uma vez, doou as receitas da venda dos seus livros a instituições e/ou pessoas que faziam parte dos mais necessitados.

Esta é uma das facetas dele que mais aprecio. Ilustro isto a seguir.

Por determinação da família do poeta, o produto da venda da propriedade do livro Prometeu Libertado foi distribuído por instituições de beneficência de Lisboa e Porto.

O opúsculo O Monstro Alemão foi oferecido à Junta Patriótica do Norte e o produto da venda destinou-se à sua obra de assistência aos órfãos de guerra.

No seguimento do incêndio do Teatro Baquet, no Porto, na noite de 20 de março de 1888, ofereceu o poema Lágrima para ser feita uma edição especial ilustrada sendo todas as receitas da sua venda para apoiar as famílias das pessoas que ali morreram queimadas, num total de 123. O Teatro tinha sido mandado construir pelo alfaiate portuense António Pereira Baquet, em 21 de fevereiro de 1858 sendo estreado com um baile de Carnaval, em 13 de fevereiro do ano seguinte.

Quero também realçar o carinho que o poeta mostrou ter para com a sua esposa, Filomena Augusta, que se pode constatar no livro Os Simples onde diz: querida: é este por enquanto o meu melhor livro. Pertence-te.

No caminho do Céu diz: à mulher sublime que eu adoro. Finalmente em Poesias Dispersas pode ler-se: Dedicatória – entre os teus dedos de opala, sob a luz do teu olhar, estas endechas sem fala, começarão a cantar.

Também nos seus livros se pode ver a evolução do seu pensamento e da sua posição perante a religião católica. Alguns atribuem essa evolução só ao envelhecimento progressivo. Eu prefiro entender as suas palavras como ditas conscientemente e refletindo a evolução do seu pensamento. Publicarei um próximo artigo sobre esta parte.

O Professor Henrique é transmontano como eu e como o Guerra Junqueiro. É uma pessoa com uma atividade muito grande e meritória. A cultura em Portugal muito lhe deve. Por mim agradeço-lhe tudo o que me tem proporcionado ler sobre o Guerra Junqueiro.

QOSHE - Abílio Guerra Junqueiro (4) - Manuel R. Cordeiro
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Abílio Guerra Junqueiro (4)

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07.12.2023

Este texto é o quarto que escrevo sobre o Guerra Junqueiro.

No congresso que teve lugar no dia 13 de outubro último, no Porto, assisti à apresentação do livro Paisagens Junqueirianas com o Douro ao fundo, da autoria de Henrique Manuel Pereira, professor na Universidade Católica. Não conhecia o autor, mas durante o dia de congresso ficou bem claro para mim que se trata de uma pessoa da cultura, com as ideias bem alinhadas e com conhecimentos muito profundos do escritor e poeta. Até esse dia via o poeta como meu familiar por parte de sua mãe. A partir daí, muito por influência do Henrique, passei a vê-lo como o poeta ímpar que Portugal teve como seu cidadão.

Quando regressei a casa, iniciei a leitura do livro a uma média de 7 ou 8 páginas por dia, o que me ocupou........

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