O acesso à saúde é uma das maiores preocupações que todos temos, especialmente os que vivemos no interior.

Quando se fala de interioridade sempre bem à nossa mente esse tema.

Hoje resolvi falar-vos da minha experiência no que ao acesso à saúde diz respeito. Desde há sete anos para cá, já estive internado seis vezes, duas delas em situações de muita gravidade, uma das quais em Zamora, resultante de um acidente com a minha scooter. Em quatro das vezes estive internado uma semana. Sempre fui bem atendido e bem tratado. A primeira vez que estive internado foi no Hospital Público de Bragança, onde me dirigi à urgência. Recordo que o pessoal médico que me atendeu foi incansável na procura das razões das minhas queixas. Com perseverança e determinação concluíram que o que eu tinha era uma diverticulite. Ao fim de uma semana tive alta e ainda hoje sigo à risca as recomendações que me foram transmitidas no momento da alta. Na enfermaria onde fiquei estava um senhor com quem conversei bastante. Confessou-me que tinha uma mágoa muito grande na sua vida porque gostava de um dia ver o Muro de Berlim, mas não tinha possibilidades de lá ir. Como eu tinha estado em Berlim em 1987, procurei as fotos que fiz do Muro e mostrei-lhas. Ficou muito feliz. E eu fiz uma boa ação.

Em Zamora estive 3 dias nos cuidados continuados. O médico que me atendeu era jovem e quando lhe disse que tinha tido um acidente com a minha scooter e quando viu que eu tinha fraturado 7 costelas disse-me, passo a citar, “ainda vai ter que partir muitos ossos para ficar igual a mim”. Ele já tinha tido 3 acidentes com a sua moto. Ao fim de três dias mandou-me para uma enfermaria normal dizendo-me que eu era uma pessoa muito positiva, o que tinha contribuído para a minha recuperação tão rápida.

Ressalvo que há instituições públicas de saúde cujo funcionamento tenho que enaltecer. A criação das Unidades de Saúde Familiar permitiu uma maior aproximação entre os utentes e o pessoal de saúde, médicos, e enfermeiros e pessoal administrativo. Posso garantir que algumas funcionam muito bem. A que melhor conheço é aquela a que eu e a minha família pertencemos, enquanto utentes: a USF Corgo, em Vila Real. Tem as instalações adequadas a um centro de saúde com as suas dimensões. Tem atendimento muito personalizado e feito por funcionários administrativos, pessoal auxiliar, pessoal de enfermagem e por médicos, tendo todos eles em comum uma grande simpatia e competência. Geralmente as consultas ocorrem às horas marcadas, o acesso a receitas médicas e a marcação de consultas presencialmente ou via e-mail funciona muito bem. Como acompanhante conheço bem o Centro de Saúde de Mogadouro, a minha terra. Sempre fui bem atendido. A simpatia e a disponibilidade do pessoal auxiliar, do administrativo e do atendimento ao balcão, é excelente. Na qualidade em que ali vou, considero que tenho um atendimento muito bom. O pessoal de enfermagem e o pessoal médico primam também por proporcionar um bom atendimento.

Considero que o SNS tem que articular muito bem a contribuição de hospitais privados para que seja de tal qualidade que todos os portugueses, tal como eu, fiquem satisfeitos com os cuidados médicos que lhe prestam.