De forma desnecessária e estranha, Portugal perdeu o seu governo e vê-se na contingência de promover novas eleições legislativas.

Aparentemente, a solução governativa que sairá destas eleições será mais volátil do que aquela que existia, estando dependente de entendimentos entre diferentes partidos, com diferentes opções programáticas e governativas. Aceitando que essa poderá ser a nova realidade a partir de 10 de março, resta-nos aceitar também que, em democracia, o eleitorado nunca se engana e que as suas opções são acertadas. A minha é clara e pública: sem qualquer dúvida, considero que Pedro Nuno Santos e o Partido Socialista são quem melhor serve os interesses de Portugal e dos Portugueses.

Dito isto, aprofundemos o tema dos entendimentos. Se é possível que os partidos encontrem afinidades suficientes para formarem governos, o que impede que grupos de deputados, nomeadamente aqueles que representam um determinado território, consigam também travar e vencer batalhas comuns? E olhando concretamente para o nosso distrito, atrevo-me a propor duas batalhas fundamentais para o nós, que deveriam ser abraçadas por todos os candidatos.

A primeira é a da abolição das portagens nas ex-SCUT. Recordemos que estas vias foram criadas sem custo para o utilizador, procurando compensar o atraso de décadas na inclusão de Vila Real na rede nacional de autoestradas e os baixos indicadores económicos e sociais. Lamentavelmente, a opção ideológica do “utilizador/pagador” vingou e, de repente, estas passaram a ser as autoestradas com as portagens mais caras do país, com custos altos para os utilizadores, mas essencialmente para o desenvolvimento da região. O atual governo tem vindo a promover descidas nos preços destas vias, nalguns casos até 65%, mas isso não é suficiente. Hoje, as parcerias público-privadas que lhes deram origem já estão pagas, ou muito perto disso. De facto, o custo total para o Estado Português da abolição de todas as portagens nas ex-SCUT do interior do país e no Algarve, é de aproximadamente 113 milhões de euros. Apenas como fator de comparação, diga-se que o valor que o Estado investe a apoiar os transportes públicos é de 410 milhões de euros, que ficam essencialmente nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto. Portanto, este seria um tema interessante para pôr do mesmo lado todos os cinco deputados do distrito de Vila Real. Já agora, de todos os distritos do interior, na defesa da equidade e da convergência. E outra das lutas comuns que deveriam unir todos os deputados de Vila Real, independentemente do partido pelo qual se candidatam, é a da inclusão de Vila Real no Plano Ferroviário Nacional. Sendo mais claro, todos os cinco deputados do distrito de Vila Real deverão ser o garante de que, mais cedo do que tarde, Vila Real entrará novamente na rede ferroviária nacional, de preferência ligada à rede europeia de alta velocidade. Bem sabemos que estes são projetos longos e difíceis, mas qualquer deputado do distrito tem a obrigação de não permitir neste campo “nem um passo à retaguarda”. A ferrovia é um meio de transporte com futuro, ambientalmente inteligente e potenciadora de crescimento económico. A região não pode ficar para trás e cabe aos nossos deputados exigirem essa inclusão.

Esta é a forma de se credibilizar a política e os políticos. Não sabemos quem vencerá as eleições, mas sabemos que todos ganhamos, como comunidade, se formos capazes de compromissos sólidos com aqueles a quem servimos.

QOSHE - Ex-Scut e ferrovia, os nossos compromissos comuns - Rui Santos
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Ex-Scut e ferrovia, os nossos compromissos comuns

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07.03.2024

De forma desnecessária e estranha, Portugal perdeu o seu governo e vê-se na contingência de promover novas eleições legislativas.

Aparentemente, a solução governativa que sairá destas eleições será mais volátil do que aquela que existia, estando dependente de entendimentos entre diferentes partidos, com diferentes opções programáticas e governativas. Aceitando que essa poderá ser a nova realidade a partir de 10 de março, resta-nos aceitar também que, em democracia, o eleitorado nunca se engana e que as suas opções são acertadas. A minha é clara e pública: sem qualquer dúvida, considero que Pedro Nuno Santos e o Partido Socialista são quem melhor serve os interesses de Portugal e dos Portugueses.

Dito isto, aprofundemos o tema dos entendimentos. Se é possível que os partidos encontrem afinidades suficientes para formarem governos, o que impede que........

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