Estamos a viver tempos em que se está a promover uma nova transição energética, depois de já termos passado por algumas ao longo da história, por exemplo da madeira para o carvão e deste para o petróleo.

Pretende-se a descarbonização, que tem sido fonte nefasta de aquecimento global, apostando-se em novas fontes de energia, ditas renováveis.

Num outro plano, este mesmo processo e metamorfose está a acontecer dentro da Igreja, sendo o grande protagonista o Espírito Santo. Está em andamento a substituição das velhas fontes de energia da Igreja por outras que a tornem mais Igreja, com um rosto novo, mais capaz de cumprir a sua missão e ir ao encontro dos homens de hoje.

De um modelo piramidal de organização da Igreja, de clericalismo e centralização na hierarquia, a Igreja quer transitar para uma Igreja sinodal, que caminha com todos e em que o protagonismo é dado à comunidade. O recente Sínodo já tocou em muitos aspetos e lançou bases para se instalar esta cultura sinodal na Igreja, que, certamente, vai levar o seu tempo. O clericalismo está muito cristalizado, tanto o que é promovido pelo clero, como o que é alimentado e fomentado pelos leigos.

Dentro desta v, esperamos que seja dado mais protagonismo à mulher. Já estão mais presentes na vida e ação da Igreja, mas é preciso muito mais. São muitas as vozes que questionam e pedem que se clarifique melhor a natureza da “declaração definitiva” de João Paulo II. Uma Igreja só comandada por homens é uma Igreja empobrecida e coxa. Em muitos setores da Igreja, as mulheres já são a força motriz da Igreja. Uma maior ação e participação das mulheres será decisivo para o futuro da Igreja. É uma energia de que a Igreja não pode prescindir.

Ainda nesta transfiguração sinodal, espera-se mais energia dos leigos. É preciso que muitos abandonem a apatia, o alheamento e descompromisso em que muitos vivem em relação à vida das suas comunidades e à Igreja. Dificilmente se poderá construir uma Igreja sinodal sem a energia de leigos corresponsáveis, ativos e participativos, criativos, audazes e lúcidos, que assumem e vivem a fé com coragem e coerência.

Por fim, uma energia determinante que traz vitalidade à Igreja é a juventude. A JMJ despoletou a busca e o encontro com os jovens, e há jovens que querem ter outro protagonismo, dinamismo e participação na vida da Igreja. Está a ser agora desenvolvido todo um trabalho de aproximação e integração dos jovens na pastoral e ação da Igreja.

QOSHE - Uma igreja em transição energética - Victor Pereira
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Uma igreja em transição energética

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16.11.2023

Estamos a viver tempos em que se está a promover uma nova transição energética, depois de já termos passado por algumas ao longo da história, por exemplo da madeira para o carvão e deste para o petróleo.

Pretende-se a descarbonização, que tem sido fonte nefasta de aquecimento global, apostando-se em novas fontes de energia, ditas renováveis.

Num outro plano, este mesmo processo e metamorfose está a acontecer dentro da Igreja, sendo o grande protagonista o Espírito Santo. Está em andamento a substituição das velhas fontes de energia da Igreja por outras que a tornem mais Igreja, com um rosto novo, mais........

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