Agravam-se as condições no Ensino Superior Público a nível nacional: fecham-se quartos e residências inteiras e os estudantes deslocados ficam sem tecto para morar a tempo indeterminado; são ainda milhares os estudantes cujas bolsas estão em atraso e vêm a sua permanência no Ensino Superior posta em causa e o seu futuro em suspenso; agravam-se as condições materiais básicas nas faculdades e universidades por todo o país (aqui na Universidade do Minho, a cantina de Gualtar e a Nave Central em Azurém destacam-se por serem os dois espaços fechados do país nos quais, em dias de tempestade, chove mais cá dentro do que lá fora); estudantes de investigação vivem permanentemente na dúvida quanto ao seu futuro, não sabendo se a sua bolsa se irá materializar num contracto permanente de trabalho e grande parte de nós é forçado a trabalhar para poder ter acesso aos direitos mais básicos que não estão a ser assegurados nem pelo Estado nem pelas universidades subfinanciadas.
Colocados com esta realidade, os estudantes do Ensino Superior dizem não! Dizem não ao subfinanciamento. Dizem não à falta de alojamento público. Dizem não a ter de pagar para estudar! Dizem não ao futuro que nos é colocado em risco!
É por todas estas razões que no próximo dia 21 de Março, em comemoração do Dia Nacional do Estudante (efeméride das grandes jornadas de luta de 1962 contra a elitização do Ensino Superior e contra o fascismo), os estudantes sairão às ruas de Lisboa numa grande manifestação nacional para reivindicar o Ensino Superior Público, Gratuito, Democrático e de Qualidade que está circunscrito nas páginas da Constituição de Abril e que sucessivos governos se recusam a cumprir.
No Ensino Superior de Abril não cabem as propinas e outros custos de frequência, não cabe a falta de alojamento com que estamos confrontados e não pode caber a falta de representação estudantil e democrática nos órgãos da faculdade.
“Queremos mais Abril aqui!” é o mote pelo qual os estudantes gritarão bem alto no dia 21 de Março, levando do Rossio à Assembleia da República, às quais várias Associações de Estudantes e Associações Académicas já subscreveram. Partirão autocarros desde a Universidade do Minho ao Rossio, na manhã do próprio dia, para juntar lado-a-lado os estudantes minhotos com os outros milhares que desfilarão das ruas da capital no mesmo dia.
São estes os valores que dão soluções a quem estuda e aspira uma vida melhor no nosso país. País esse que ficou por cumprir e que só através da luta organizada e consequente, no contacto diário com o colega, seja na sala de aula, seja na fila do bar ou da cantina, em torno das soluções concretas é possível levar adiante.
Em todos os momentos da nossa história, os jovens, com destaque especial aos estudantes, foram a força matriz transformadora da sociedade que alavancou o progresso social e levou a todas as camadas da sociedade portuguesa o espírito irreverente e incansável que nos é característico.
É com a força da juventude em luta por um Portugal e uma vida melhor, que se alcançam transformações concretas e visíveis na vida de cada um de nós!

Últimas Ideias Políticas

12 Março 2024

O feminismo liberal na vanguarda do progresso

05 Março 2024

A rua fala muitas línguas

Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos.

QOSHE - “O Ensino Superior está em risco, ...” - Gonçalo Silva
menu_open
Columnists Actual . Favourites . Archive
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close
Aa Aa Aa
- A +

“O Ensino Superior está em risco, ...”

7 0
12.03.2024

Agravam-se as condições no Ensino Superior Público a nível nacional: fecham-se quartos e residências inteiras e os estudantes deslocados ficam sem tecto para morar a tempo indeterminado; são ainda milhares os estudantes cujas bolsas estão em atraso e vêm a sua permanência no Ensino Superior posta em causa e o seu futuro em suspenso; agravam-se as condições materiais básicas nas faculdades e universidades por todo o país (aqui na Universidade do Minho, a cantina de Gualtar e a Nave Central em Azurém destacam-se por serem os dois espaços fechados do país nos quais, em dias de tempestade, chove mais cá dentro do que lá fora); estudantes de investigação vivem permanentemente na dúvida quanto ao seu futuro, não sabendo se a sua bolsa se irá materializar num contracto permanente de trabalho e grande parte de nós é forçado a trabalhar para poder ter........

© Correio do Minho


Get it on Google Play