O paradigma do trabalho mudou. Se outrora o exercício de uma profissão seria emprego para toda a vida, hoje não. Antigamente falava-se do colaborador polivalente. Atualmente fala-se do colaborador multitasking. O multitasking significa a operacionalização e realização de várias atividades em simultâneo, e presentemente, em ambiente organizacional é quase que imperativo. Exige-se muito, para um curto período de tempo. Há, porém, quem “trabalhe por gosto e não canse”, tal como diz o ditado popular, e exemplo disso mesmo, são os worklovers. São descritos como os/as enamorados/as pela sua atividade profissional, mas mantem e conciliam compromissos familiares e sociais. Ao contrário dos workaholics que fazem do trabalho uma espécie de “adição” que nada mais é, que uma fusão entre trabalho e o desequilíbrio de emoções associadas. Entenda-se por adição, um mau hábito e ao mesmo tempo prejudicial para a saúde. Por forma a clarificar, poder-se-á dizer que pessoa workaholic, define-se como aquele/a que “vive para o trabalho”, todavia, não significa que esteja feliz com a realização dessa atividade. São descritas como as pessoas que não conseguem “desligar” das tarefas profissionais, e estas acabam por interferir negativamente tanto na esfera pessoal/ familiar como na esfera social. Aquele/a que "vive" para o trabalho, e tem a necessidade de estar sempre informado/a de tudo, quer as tarefas lhe sejam afetas quer sejam de outras pessoas. Por norma, não tem “hora para entrar ou para sair” e não consegue delegar tarefas com o medo, ou de perder o trabalho, ou faz a análise que delegando a outras pessoas a tarefa não se concluirá como perfeita. São categorizadas como pessoas muito exigentes e que, com a sobrecarga de tarefas, tornam-se pessoas pouco comunicativas (“frias” e distantes no relacionamento com outras pessoas) e até reativas (mal-humoradas). Um/a workaholic a médio ou longo prazo tende a fragilizar a sua saúde física e mental, e pelo facto de não desenvolver laços sociais e pessoais poderá ser afetado/a pela solidão. Sabe-se que o stress potencia várias doenças mentais e físicas como alterações de memória, alterações cardiovasculares, alterações do padrão do sono (ex.: períodos contínuos de insónia não permitem um sono reparador, neste sentido, o cansaço potenciam para lapsos de memória benignos que podem interferir na atenção da realização de tarefas), distúrbios alimentares (ex.: falta de horários para a realização das refeições). Com o tempo, e a um ritmo desenfreado a pessoa workaholic tende a ficar esgotada. Nenhum trabalho deve se sobrepor á saúde e ao bem-estar. Todas as áreas de vida são fundamentais para o desenvolvimento humano. O trabalho é importante sim, mas o convívio social (ex.: amigos), estar com pessoas significativas (ex.: familiares), ter momentos de lazer (ex.: praticar um desporto ou dedicar-se a uma área que se gosta muito) são momentos em que “higienizam” a mente e conservam a saúde. Nenhuma esfera seja ela, social, familiar ou profissional, substituiu a outra. Mesmo que inicialmente seja difícil, “desligar-se” do trabalho, vá por etapas. Comece por se esforçar e contrariar-se a si próprio/a, por mais que a sua mente seja acometida por pensamentos intrusivos (ex.:Se fores embora vais ter mais trabalho; Vai correr tudo mal; Vais ser prejudicado/a.), que deve ficar no trabalho, saia um dia da semana mais cedo que o horário habitual tardio em que costuma por norma sair. Progressivamente e ao seu ritmo, depois faça isso para os outros dias. Muitas vezes, por detrás de alguém que se dedica tanto ao trabalho estão razões que se prendem a medos e a bloqueios de se escutar palavras tais como “nunca vai conseguir”, ou é “muito difícil” e por vezes, quer-se mostrar as pessoas que afirmaram isso de forma tão categórica que não é verdade. A felicidade e a realização nas várias esferas da vida, não dependem de terceiras pessoas. Caso assim fosse seriamos infelizes. Nunca duvide das suas capacidades em prol da referência ou comentário de alguém que não viveu a sua vida, e neste sentido não tem de provar. A única pessoa a quem tem de provar e se for necessário, será a si próprio/a.

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“Adição ao trabalho”

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28.01.2024

O paradigma do trabalho mudou. Se outrora o exercício de uma profissão seria emprego para toda a vida, hoje não. Antigamente falava-se do colaborador polivalente. Atualmente fala-se do colaborador multitasking. O multitasking significa a operacionalização e realização de várias atividades em simultâneo, e presentemente, em ambiente organizacional é quase que imperativo. Exige-se muito, para um curto período de tempo. Há, porém, quem “trabalhe por gosto e não canse”, tal como diz o ditado popular, e exemplo disso mesmo, são os worklovers. São descritos como os/as enamorados/as pela sua atividade profissional, mas mantem e conciliam compromissos familiares e sociais. Ao contrário dos workaholics que fazem do trabalho uma espécie de “adição” que nada mais é, que uma fusão entre trabalho e o desequilíbrio de emoções associadas. Entenda-se por adição, um mau hábito e ao mesmo tempo prejudicial para a saúde. Por forma a clarificar, poder-se-á dizer que pessoa workaholic, define-se como aquele/a que “vive para o trabalho”, todavia, não significa que esteja feliz com a realização dessa atividade. São........

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