Já é conhecido o tema da EWWR 2024 – Semana Europeia da Prevenção de Resíduos, que se realiza de 16 a 24 de novembro: Food Waste – Desperdício Alimentar.
É um tema repetente, já havia sido escolhido em 2014: “Stop Food Waste”. Dez anos depois continua a ser uma questão extremamente pertinente, quer em termos sociais e económicos, mas também, ambientais!
Os alimentos que não são consumidos tornam-se resíduos a tratar.
A União Europeia definiu uma hierarquia de gestão de resíduos estando no topo das prioridades, a prevenção: mais importante do que tratar corretamente um resíduo é evitar que algo se torne lixo.
Todos os anos, na União Europeia, são desperdiçadas cerca de 58 milhões de toneladas de alimentos.
São 131 kg por cada habitante!
Este desperdício não ocorre apenas no consumo das famílias e restauração, mas também no processamento dos alimentos e às vezes, até durante o próprio processo de cultivo.
Estima-se que em Portugal, anualmente, se desperdice 1 milhão de toneladas de alimentos por ano.
Na área da Braval, o estudo de caraterização de resíduos urbanos indiferenciados de 2022, demonstrou que cerca de 45% dos resíduos da recolha indiferenciada são resíduos putrescíveis e, destes, 31% são restos de comida.
Nos centros urbanos, durante todo o ano, podemos aceder a uma grande variedade de produtos, às vezes até 24 horas por dia. Os desejos do consumidor crescem e os retalhistas satisfazem-nos. No entanto, todos os alimentos que não obedecem a determinados critérios de imagem ou aspeto, ainda que estejam em condições de ser consumidos, são retirados das prateleiras e deitados fora. Muito do desperdício alimentar ocorre no mercado grossista, antes ainda de ser vendido.
No caso das famílias, em países desenvolvidos, desperdiçam cerca de 30% dos alimentos que compram.
As razões mais frequentes para este hábito são: adquirir superfluamente, os restos que ficam após as refeições, o prazo de validade que termina antes do consumo e os refugos resultante da preparação.
Idealmente deveríamos optar por alimentos produzidos localmente, o que é efetivamente bom em termos ambientais.
No entanto, se atentarmos apenas na questão do transporte, nem sempre é assim tão linear. O transporte não é o fator que mais gases com efeitos de estufa emite, esse valor é, em média, de 20 a 30% do total dos gases emitidos. A maior fatia corresponde à própria produção agrícola.
Por exemplo: cultivar tomates numa estufa aquecida, no norte da Europa, gera mais emissões de dióxido de carbono do que transportar tomates de Espanha, onde crescem ao ar livre.
O transporte ou produção local devem ser ponderados e analisados. Mais do consumir produtos locais, muitas vezes, a melhor solução passa por um transporte energeticamente eficiente, com cargas preenchidas e embalagens bem concebidas.
O propósito da embalagem é poupar recursos e não desperdiçá-los, ou seja, proteger os alimentos dos danos físicos. Calcula-se que a utilização de embalagens permite evitar um volume de desperdício 10 vezes superior à quantidade de resíduos gerados pela própria embalagem. E se pensarmos que a embalagem pode ser reciclada e voltar ao mercado, o desperdício ainda será menor.
Seria importante apostar, antes de mais, na prevenção do desperdício na fase de produção, só depois apostar na reciclagem e valorização energética através da valorização do biogás, produzido pela decomposição dos alimentos e outros resíduos orgânicos. Quanto às embalagens, devemos colocá-las num ecoponto para que possam ser recicladas e evitar o desperdício!
Como alternativa à economia do desperdício é necessário, se pretendemos ter futuro, um novo paradigma, a economia da preservação.
Há que implementar medidas simples e práticas aliadas, fundamentalmente temos que continuar a massificar a educação e sensibilização ambiental da população para que os consumidores sejam encorajados a ser mais conscientes das suas atitudes face às compras e às refeições.
Ajude-nos, ajudando-se!

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“Desperdício Alimentar – Semana...”

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06.03.2024

Já é conhecido o tema da EWWR 2024 – Semana Europeia da Prevenção de Resíduos, que se realiza de 16 a 24 de novembro: Food Waste – Desperdício Alimentar.
É um tema repetente, já havia sido escolhido em 2014: “Stop Food Waste”. Dez anos depois continua a ser uma questão extremamente pertinente, quer em termos sociais e económicos, mas também, ambientais!
Os alimentos que não são consumidos tornam-se resíduos a tratar.
A União Europeia definiu uma hierarquia de gestão de resíduos estando no topo das prioridades, a prevenção: mais importante do que tratar corretamente um resíduo é evitar que algo se torne lixo.
Todos os anos, na União Europeia, são desperdiçadas cerca de 58 milhões de toneladas de alimentos.
São 131 kg por cada habitante!
Este desperdício não ocorre apenas no consumo das famílias e restauração, mas também no processamento dos alimentos e às vezes, até durante o próprio processo de cultivo.
Estima-se que em Portugal, anualmente, se desperdice 1 milhão de toneladas de alimentos por ano.
Na área da Braval, o........

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