A DEMAT (dematerialization, em inglês) é uma estratégia que busca reduzir a quantidade de materiais incorporados na produção e consumo de bens nas empresas. Este fenómeno atual traduz-se na redução do volume de material e energia utilizados na produção de bens e serviços e visa construir uma economia mais responsável, sob o ponto de vista ambiental, impactando, por isso, no excesso de geração de resíduos e na escassez de produtos ecossistémicos (madeira e peixe, por exemplo), que estão a ser consumidos a taxas superiores às da sua capacidade de reprodução. Não era da conetividade, a desmaterialização é cada vez mais admitida e consensual, dado o seu alinhamento com a promoção do desenvolvimento sustentável.
É também sinónimo de eliminação material dos documentos, sendo possível, através de digitalização, reduzir drasticamente o consumo de papel e cartuchos de tinta, e outros materiais, valorizando-se, em contrapartida, os documentos eletrónicos nas empresas e residências habitacionais. A desmaterialização aparece como determinante fundamental no rumo à criação e desenvolvimento de uma economia circular, focada essencialmente na responsabilidade ambiental.
Os dispositivos digitais já permitem o consumo de inúmeros bens intangíveis, tais como: música, literatura, cinema e múltiplas informações sobre diversificados problemas. Supletivamente, as compras online e a criação e desenvolvimento de vínculos pessoais, através das redes sociais, são tendencialmente cada vez mais desmaterializados. Com efeito, as novas gerações estão a transformar rapidamente os padrões de consumo, ao adaptarem aplicativos de streaming para consumir música e filmes. Acresce que, o consumidor moderno reflete seriamente sobre a necessidade de um maior entrosamento entre produtos e marcas, o que acaba por impulsionar a constante necessidade de conexão entre os fabricantes e os fornecedores locais, priorizando-se, deste modo, as empresas ecologicamente responsáveis. Ou seja, é cada vez mais corrente, entre os consumidores mais digitalizados, e sobretudo no processo de tomada de decisão, considerar-se não apenas a funcionalidade dos bens, mas também o impacto que estes têm sobre o planeta. Assim, parece lógico e coerente que os consumidores mais informados comprem, progressivamente, produtos de marcas que valorizam a sustentabilidade, a responsabilidade social, a economia a circular e o apoio às comunidades locais. Na base deste raciocínio está a plena convicção de que as marcas estão a aperfeiçoar e a promover uma economia mais equilibrada e uma sociedade mais consistente e harmoniosa.
Um exemplo típico da desmaterialização da economia é a crescente digitalização das informações, o que confere mais rapidez, agilidade, praticidade e interação aos meios de comunicação digitais. Outro importante setor afetado pela digitalização é o editorial, devido essencialmente ao poder dos e-books. Neste enquadramento, a desmaterialização da economia é plenamente justificada, constatando-se que muitos produtos e serviços consomem atualmente muito menos recursos e energia do que no passado. De forma complementar, o avanço das tecnologias da informação e a vulgarização do uso da internet e das redes sociais impulsionam uma nova tendência direcionada para economia verde, que tem como centralidade o poder de escolha no consumidor, dando origem à chamada sharing economy. A sociedade e o sistema económico impulsionam gradualmente soluções para os importantes problemas ambientais, através da desmaterialização da economia, dos ganhos obtidos por redução do uso de recursos naturais, da partilha e pela mudança de foco do consumo, agregando fatores que impulsionam o decréscimo da preocupação pela propriedade e posse dos bens.
A maior parte do crescimento, em termos de Produto Nacional Bruto, é originado pela economia “sem peso”. O capital intelectual, mais do que os bens físicos, representa o maior incremento no crescimento do PNB na maior parte dos países existentes no mundo. A weightless economy integra a informação e as tecnologias da comunicação para produzir um output de elevado valor em conhecimento, informação permutável e produtos invisíveis. É uma economia que integra ativos intelectuais, imagens, livrarias eletrónicas, softwares empresariais, biotecnologias, bem como uma enorme e volumosa diversidade de coisas que se oferecem no mundo online, há pelo menos 20 anos. Neste quadro, é possível afirmar que economia dos nossos dias, desenhada progressivamente desde o fim do último século, está a tornar-se gradualmente diferente da que se desenvolveu e dominou todo o século XX. A economia do conhecimento, como parte da “economia sem peso”, é caracterizada pela construção de conhecimento tangível e intangível. A capacidade tecnológica está a viabilizar a transferência de conhecimento humano para as máquinas. Este recurso está a ser utilizado nos mais diversificados campos para gerar valor económico. No futuro, o crescimento económico será provocado por coisas que não têm grande volume, nem peso, o que significa manipulação da matéria numa escala atómica e molecular (nanotecnologia). Por esta razão, a weightless economy está a crescer de forma exponencial, ao invés, a economia analógica não está a desenvolver-se no mesmo sentido e, por isso, irá irreversivelmente implodir.

QOSHE - A DEMAT - Marques De Almeida
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A DEMAT

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11.03.2024

A DEMAT (dematerialization, em inglês) é uma estratégia que busca reduzir a quantidade de materiais incorporados na produção e consumo de bens nas empresas. Este fenómeno atual traduz-se na redução do volume de material e energia utilizados na produção de bens e serviços e visa construir uma economia mais responsável, sob o ponto de vista ambiental, impactando, por isso, no excesso de geração de resíduos e na escassez de produtos ecossistémicos (madeira e peixe, por exemplo), que estão a ser consumidos a taxas superiores às da sua capacidade de reprodução. Não era da conetividade, a desmaterialização é cada vez mais admitida e consensual, dado o seu alinhamento com a promoção do desenvolvimento sustentável.
É também sinónimo de eliminação material dos documentos, sendo possível, através de digitalização, reduzir drasticamente o consumo de papel e cartuchos de tinta, e outros materiais, valorizando-se, em contrapartida, os documentos eletrónicos nas empresas e residências habitacionais. A desmaterialização aparece como determinante fundamental no rumo à criação e desenvolvimento de uma economia circular, focada essencialmente na responsabilidade ambiental.
Os dispositivos digitais já permitem o consumo de inúmeros bens intangíveis, tais como: música, literatura, cinema e múltiplas........

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