Ao jantar na Ribeirinha de Colares, em amena conversa com netos, o mais novo, ainda adolescente, influenciado pelos debates políticos pré-eleitorais, colocou-me a questão de querer perceber a diferença entre os candidatos da esquerda e da direita.

Pretendia saber a justificação da designação e, também, classificar cada um dos partidos concorrentes às eleições de 10 de março.

Naturalmente, procurei pensar na minha resposta, que teria de ser clara, mas sem ser tendenciosa. Resolvi introduzir algum conteúdo pedagógico.

Foi um exercício difícil que julgo ter conseguido com sucesso.

Relato.

Comecei por dizer que a origem da designação de esquerda ou de direita estava, no plano histórico, associada à Revolução Francesa no final do século XVIII. Nessa altura, nas assembleias, os lugares ocupados pelos representantes do povo eram do lado esquerdo e os aristocratas, defensores da Monarquia, sentavam-se do lado direito. Em termos físicos era uma exposição facilmente compreensível.

Ainda sobre a disposição dos assentos, fiz um esquema de um hemiciclo ao estilo da Assembleia da República. Com o desenho foi mais fácil explicar que havia lugares não só à esquerda, como à direita, mas também ao centro e nos extremos.

A seguir foi necessário passar à fase dos esclarecimentos sobre as diferenças ideológicas. Comentei que os da esquerda queriam mudanças rápidas no sentido da melhoria das condições de vida. Lutavam por salários mais altos. Não queriam ser explorados. Combatiam por condições de habitação dignas e pela prosperidade coletiva. Pela Justiça Social. Já os da direita eram conservadores. Não desejavam qualquer mudança de regime. Não tinham preocupações sociais.

Eram estas as ideias básicas para aquele tempo. Atualmente, apesar de terem passado 235 anos, permaneceram as designações de esquerda e direita, respetivamente para progressistas e para conservadores.

A conversa prosseguiu.

Acrescentei, logo depois, que muitos Estados-membros da União Europeia mantinham a mesma tradição na ocupação de lugares dos deputados nos respetivos Parlamentos.

Foi então, que perguntou:
- Ó avô, como é em Portugal?

Respondi de imediato:
- Os 230 deputados da Assembleia da República sentam-se nos lugares ordenados da direita para a esquerda, assim: na extrema-direita está o Chega, depois a Iniciativa Liberal, o PSD, o PAN, o PS, o Livre, o PCP e o Bloco de Esquerda.

Comentou logo:
- Já percebi!


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QOSHE - Opinião pessoal (XI) - Francisco George
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Opinião pessoal (XI)

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21.02.2024

Ao jantar na Ribeirinha de Colares, em amena conversa com netos, o mais novo, ainda adolescente, influenciado pelos debates políticos pré-eleitorais, colocou-me a questão de querer perceber a diferença entre os candidatos da esquerda e da direita.

Pretendia saber a justificação da designação e, também, classificar cada um dos partidos concorrentes às eleições de 10 de março.

Naturalmente, procurei pensar na minha resposta, que teria de ser clara, mas sem ser tendenciosa. Resolvi introduzir algum conteúdo pedagógico.

Foi um exercício difícil que julgo ter conseguido com sucesso.

Relato.

Comecei por........

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