No sábado serão assinalados dois anos desde a invasão russa da Ucrânia.

Ao fazer o balanço da situação no terreno, provavelmente será assinalado o pouco que a frente de batalha progrediu no último ano, o falhanço da contraofensiva ucraniana da primavera passada e o retomar da iniciativa por parte da Rússia a partir de então. Nestes últimos meses, o terreno parece pender para o lado russo.

As estruturas defensivas construídas ao longo de toda a linha da frente tornam muito difíceis os avanços e cada quilómetro de terreno é conquistado à custa de centenas ou mesmo milhares de vidas; e a Rússia, com um dos maiores exércitos do mundo, tem muito maior capacidade de repor as suas tropas.

Os militares ucranianos, dispostos ao longo de uma linha com 900 quilómetros (equivalente a toda a costa de Portugal continental) estão exaustos e com falta de equipamento. Estima-se que a Rússia dispare cerca de 10.000 munições de artilharia por dia, enquanto a Ucrânia deverá disparar cerca de 2.000.

As recentes conquistas de território por parte da Rússia serão reflexo claro da disparidade de meios: maior disponibilidade de efetivos, mais equipamento, mais munições.

Ao entusiasmo inicial com a resistência ucraniana, sucede-se muito ceticismo. Uma sondagem divulgada ontem indica que só 10% dos europeus acreditam que a Ucrânia vença a guerra e o dobro acham provável que seja a Rússia a ganhar.

Depois de meses a abrir os noticiários, as pessoas estão cansadas de ouvir falar da guerra na Ucrânia.

Só que fecharmos os olhos não resolve o problema. Como esta semana dizia de forma arrepiante a Nobel da Paz de 2023, Oleksandra Matviichuk (mulher extraordinária que voltei a encontrar há dias), “nas capitais europeias podem dar-se ao luxo de estarem cansados da guerra; mas na Ucrânia, se estivermos cansados, morremos.”

O apoio externo que até agora tiveram está em risco. Os EUA foram o maior fornecedor de ajuda militar, mas os Republicanos estão a bloquear a continuação desse apoio. O apoio da UE também tem sido substancial, mas não é suficiente para compensar a saída dos americanos.

Além disso, o mais recente pacote de ajuda foi arrancado a ferros das mãos de Orbán e não se vislumbra como aprovar outro nos tempos mais próximos. Não nos restam, porém, muitas alternativas se os americanos falharem no seu apoio.

Só com a vitória militar ou com uma paz negociada a partir de uma situação de vantagem militar para a Ucrânia será possível conter as aspirações imperialistas russas sobre a Europa de Leste.

A vitória do Kremlin, então, seria catastrófica. E mesmo qualquer acordo de paz em que a Rússia saia com uma posição de força, em que sinta que atingiu os seus objetivos, será trágico não apenas para a Ucrânia, mas para a própria União Europeia. Acabar-se-ia o sentimento de segurança na Europa - recordo que há oito países da UE com fronteiras com a Ucrânia ou a Rússia.

Para quem está na outra ponta da Europa, a Ucrânia parece demasiado longe e pouco afetar a nossa vida. Mas levemos esta guerra a sério. É nas suas trincheiras que se combate a segurança de todos nós.

O secretário-geral do PS ganhou inequivocamente o debate decisivo. Começou por, a propósito da manifestação ilegal de polícia, demonstrar o sentido de Estado e a coragem que faltou ao seu opositor. Depois, evidenciou conhecer bem os dossiers e os custos de cada medida, enquanto Luís Montenegro se atrapalhava e não conhecia números do seu próprio programa (ou queria escondê-los, o que seria ainda pior).

Eurodeputado

QOSHE - Dois anos de guerra - Pedro Marques
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Dois anos de guerra

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22.02.2024

No sábado serão assinalados dois anos desde a invasão russa da Ucrânia.

Ao fazer o balanço da situação no terreno, provavelmente será assinalado o pouco que a frente de batalha progrediu no último ano, o falhanço da contraofensiva ucraniana da primavera passada e o retomar da iniciativa por parte da Rússia a partir de então. Nestes últimos meses, o terreno parece pender para o lado russo.

As estruturas defensivas construídas ao longo de toda a linha da frente tornam muito difíceis os avanços e cada quilómetro de terreno é conquistado à custa de centenas ou mesmo milhares de vidas; e a Rússia, com um dos maiores exércitos do mundo, tem muito maior capacidade de repor as suas tropas.

Os militares ucranianos, dispostos ao longo de uma linha com 900 quilómetros (equivalente a toda a costa de Portugal continental) estão exaustos e com falta de equipamento. Estima-se que a........

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