“A velhice é a paródia da vida - Simone de Beauvoir”

O crescimento progressivo, continuado e sustentado das viagens assumiu-se em pouco mais de 50 anos como uma realidade económica e social sem precedentes nas economias dos países em todo o mundo.

O direito ao lazer é um direito de todos, uma consequência directa da melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, aliado a maiores preocupações de índole social dos regimes democráticos e da sociedade em geral.

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As transformações no mundo produtivo moderno, nomeadamente no que se refere a uma maior racionalização e gestão dos tempos livres, conjugadas com subsídios de Férias, Natal, Doença, Desemprego, etc. reacenderam a vocação ancestral do ser humano, desde a nomadização, traduzida na procura de condições climatéricas mais amenas e apetecíveis.

O turismo contemporâneo nasceu na Europa, no seguimento do sucesso alcançado com as políticas económicas de excepção implementadas a seguir à II Grande Guerra, e à conquista de direitos sociais proporcionada pelas democracias emergentes que surgiram na Europa Ocidental.

Os povos do Norte da Europa passaram a fazer férias em massa na Bacia Alargada do Mediterrâneo – verdadeiro berço de civilizações – não apenas em busca do clima ameno, mas também da cultura milenar aí existente.

O envelhecimento populacional é um fenómeno actual em todo o mundo, pelo que este segmento de mercado apresenta perspectivas de crescimento impensáveis até alguns anos atrás.

Habituados a um longo período de abundância económica e de grandes conquistas sociais, as actividades turísticas negligenciaram valores humanos fundamentais, descurando a importância estratégica destes nichos de mercado.

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A reforma é, hoje, vista mais como um novo ciclo nas nossas vidas e um período de realização pessoal, uma consequência dos progressos tecnológicos, novos regimes alimentares, exercícios físicos e psíquicos, etc., o que veio aumentar a longevidade e a qualidade de vida das populações.

Por outro lado, os mais velhos dispõem de mais meios financeiros para as suas férias, entendidas como um gasto periódico e regular, deixando de ser vistas como uma decisão que se toma apenas uma vez na vida, como acontecia no passado não muito distante.

A terceira idade de hoje é a geração de 60, composta por pessoas com formação elevada, disponíveis para enfrentar a ordem estabelecida, com ideias firmes sobre as coisas, a vida e o mundo contemporâneo. Ou seja, os hippies dos anos 60 são a terceira idade dos nossos dias.

A maioria são pessoas sós, havendo uma maior proporção de mulheres com reformas duplas, uma consequência directa da sua condição de viúvas.

Para a terceira idade, as férias representam uma fuga à solidão e, sobretudo, uma forma de integração e convívio, mais do que um meio de evasão, aquilo que caracteriza as férias tradicionais dos turistas ditos normais.

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Os turistas na terceira idade são, por isso mesmo, mais imaginativos, têm espírito aventureiro e são militantes activos das causas ecológicas e ambientais, indo muito para além dos tradicionais destinos religiosos.

Por outro lado, continuam interessados em continuar a aprender, estão sexualmente interessados, não esquecem a sua vertente romântica, são sedutores e simpáticos.

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Gostam de experimentar coisas novas. Receberam heranças e seguros de vida, sendo os principais promotores junto de familiares e amigos dos sítios que visitam.

Têm disponibilidade financeira adequada às viagens que efectuam e são muito selectivos nas escolhas, na medida em que sabem bem o que pretendem.

Para estes estratos populacionais, as férias devem privilegiar eventos de cariz social e outros programas de animação e convívio, razão pela qual têm apetência para viajar em grupo.

Daí que, as férias sejam planeadas e organizadas com muita antecedência, optando por ser bastante selectivos dos destinos e locais que pretendem visitar.

A camaradagem, o companheirismo, o convívio, a comodidade, a segurança, as actividades a desenvolver, etc., são factores relevantes na escolha dos destinos turísticos.

O incremento do turismo sénior é, pois, um desafio do futuro.

Para ler o artigo anterior do autor, clique aqui.

* Empresário / Gestor Hoteleiro

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QOSHE - Turismo na Terceira Idade - Elidérico Viegas
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Turismo na Terceira Idade

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08.12.2023

“A velhice é a paródia da vida - Simone de Beauvoir”

O crescimento progressivo, continuado e sustentado das viagens assumiu-se em pouco mais de 50 anos como uma realidade económica e social sem precedentes nas economias dos países em todo o mundo.

O direito ao lazer é um direito de todos, uma consequência directa da melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, aliado a maiores preocupações de índole social dos regimes democráticos e da sociedade em geral.

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As transformações no mundo produtivo moderno, nomeadamente no que se refere a uma maior racionalização e gestão dos tempos livres, conjugadas com subsídios de Férias, Natal, Doença, Desemprego, etc. reacenderam a vocação ancestral do ser humano, desde a nomadização, traduzida na procura de condições climatéricas mais amenas e apetecíveis.

O turismo contemporâneo nasceu na Europa, no seguimento do sucesso alcançado com as políticas económicas de excepção implementadas a seguir à II Grande Guerra, e à conquista de direitos sociais proporcionada pelas democracias emergentes que surgiram na Europa........

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