Num interessante artigo sob o título «A Luta do DN», Nuno Ramos de Almeida, Editor – Chefe naquele jornal, depois de começar por referir que os jornalistas podem e devem ser livres, mas é preciso perceber que não são, nunca, independentes dos seus preconceitos e da sua forma de ver a vida, mais à frente adianta que o facto de os jornalistas terem opiniões diferentes, por necessariamente terem vidas diversas, não os pode impedir de batalharem por fazer um jornalismo bem-feito: o que significa que têm de seguir um método que lhes permita separar juízos de valor de juízos de facto, tentar compreender e ouvir as diversas partes que intervêm numa determinada situação. A prática profissional exige inteligência, honestidade e vontade de perceber os outros. A maior capacidade de um jornalista não é julgar, mas entender.

Se bem interpretamos o articulista e em consonância com aquilo que já aqui escrevemos em determinado momento, uma coisa, face a determinados acontecimentos, serão os juízos de valor que cada um sobre eles possa fazer (em função dos seus preconceitos e da sua forma de ver a vida)e, por via disso, desejar que tais acontecimentos venham a desenrolar-se neste ou naquele sentido, a ter esta ou aquela solução, outra, diferente, será confundir-se a realidade com tais desejos, algo a que um jornalista, em particular, deverá resistir.

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Ora, o que não tem faltado, é todo um «jornalismo» a vender desejos por realidade, de que a cobertura dum conflito militar vivido na Ucrânia é um exemplo, apresentando tropas russas mal equipadas, mais mal comandadas e a usar material obsoleto do tempo da ex-URSS, até uma Rússia isolada internacionalmente e a definhar economicamente por via de sanções sofridas, ainda que os factos, goste-se ou não deles, revelem o seu contrário e quem ouse contrariar tal narrativa seja classificado, de imediato, de «putinista»!

Ainda que tal «jornalismo» possa, nem sempre, ser ditado pelos desejos próprios de quem lhe dá expressão, mas fazendo eco dos desejos de quem seu patrão é, na esperança duma promoção ou receio do emprego precário se perder.

Em qualquer dos casos, descredibilizando-se, contribuindo, assim, para o seu próprio enterro.

Post Scriptum:

Não deixa de ser comovente, mal se conseguindo conter as lágrimas, quando se consegue, olhar-se para o luso mundo partidário em tempo de pré-eleições e ver-se quanto nele não falta gente voluntária, com sacrifício da sua vida pessoal, familiar e, especialmente, financeira, a empurrar-se, a rasteirar-se ou mesmo indo bater à porta do partido ao lado de que, antes, tanto mal se dizia, mas que, qual milagre de Fátima, se terá transformado, repentinamente, num partido das mais elevadas virtudes, à procura de um lugar de deputado (a) e, assim, poder-se, generosa e desinteressadamente, contribuir para o engrandecimento do país, para tornar este jardim à beira-mar plantado, ainda, mais florido e perfumado!

Ah! Ditosa pátria, que filhos assim à luz dás!

Para ler o artigo anterior do autor, clique aqui.

* Jurista

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Crise nos Mídia

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26.01.2024

Num interessante artigo sob o título «A Luta do DN», Nuno Ramos de Almeida, Editor – Chefe naquele jornal, depois de começar por referir que os jornalistas podem e devem ser livres, mas é preciso perceber que não são, nunca, independentes dos seus preconceitos e da sua forma de ver a vida, mais à frente adianta que o facto de os jornalistas terem opiniões diferentes, por necessariamente terem vidas diversas, não os pode impedir de batalharem por fazer um jornalismo bem-feito: o que significa que têm de seguir um método que lhes permita separar juízos de valor de juízos de facto, tentar compreender e ouvir as diversas partes que intervêm numa determinada situação. A prática profissional exige inteligência, honestidade e vontade de perceber os outros. A maior capacidade........

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