Não deixa de ser curiosa, para não se dizer cínica, a preocupação havida com certa autodenominada esquerda com a ascensão da direita ao poder no nosso país, quando, ela própria, não tem deixado de prestar homenagem ao «democrático» e «transparente» regime que tem à sua frente o comediante Zelensky, glorificador dum Stepan Bandera, colaboracionista nazi, responsável, durante a segunda guerra mundial, pelo massacre de milhares de judeus, polacos e comunistas, regime este que, nomeadamente, ilegalizou todos os partidos que da respetiva linha pudessem destoar e onde fenómenos de corrupção não têm faltado! A par do seu silêncio ou mesmo conivência no respeitante a toda uma censura a órgãos de comunicação social russos, a propósito do conflito militar na Ucrânia vivido, como se não tivéssemos o direito, como tantas vezes aqui o denunciámos, a ouvir o que do lado de lá, também, se diz, que não só do lado de cá, de forma a podermos sobre ele fazer os nossos próprios juízos de valor, sem tutelas a lembrar um Salazar.

Entretanto, Portugal já decidiu doar (mesmo que por parte de um governo em mera gestão corrente se tratando) mais 100 milhões de euros, não em ajuda alimentar ou outra do género à Ucrânia, mas para compra de munições que permita naquele país assistir-se a maior destruição ainda, a mais milhares de pessoas, em particular jovens, de ambos os lados do conflito, a ficarem estropiados, a morrer. Afinal, sempre serão, pelo menos, para já, os outros e seus filhos a passar por isso. Dinheiro que, contudo, para construir, por exemplo, um há muito prometido Hospital Central do Algarve, tem faltado! Mas, quem sabe se António Costa, momentaneamente desempregado político, não poderá vir a ser, como recompensa, nomeado Secretário-Geral da NATO, levando o «génio» do Cravinho como adjunto com a condecoração que Zelensky lhe atribuiu ao peito!

Dizíamos que, para já, são os outros e seus filhos a morrer numa Ucrânia, porque o «petit roi» Macron, depois de toda a perda de influência que o seu país tem vindo a sofrer em África (Mali, Burkina Faso, Chade, Níger… já lhe disseram adeus), em detrimento - imagine-se só! – dos, internacionalmente, tidos como «isolados» russos, procura agora, desesperadamente, para disfarçar tal perda, assim como a da sua popularidade face a uma Marine Le Pen, dar da França um ar de grande potência que, afinal, já não será, envolvendo, lunaticamente, ainda mais toda a Europa no conflito militar ocorrendo na Ucrânia. Como se a Rússia de uma qualquer simples Líbia se tratasse e não da maior potência mundial nuclear, para quem as suas ogivas carregadas de urânio não servirão para simples decoração, como o próprio Putin (que não, desta vez, o «provocador» Medvedev), acabado de ser reeleito presidente com quase 90% dos votos da população russa, já teve o cuidado de assinalar! E parece que o homem não costuma brincar com coisas sérias!

E o pior, é que, atualmente, a nível da classe «dirigente» europeia, lunáticos e incompetentes, não faltarão, não se vislumbrando nela quaisquer estadistas dignos desse nome, que os verdadeiros interesses da Europa consigam salvaguardar em tempos de um mundo que caminha para a multipolaridade, em vez desta continuar a ser uma simples serva dos interesses americanos. Restando saber, com tais «dirigentes», o que, ainda, nos poderá estar, desgraçadamente, mais reservado, como se já não bastasse a degradação económica em que a Europa está mergulhando, com países seus em recessão ou à beira disso, enquanto fruto das «inteligentes» sanções à Rússia aplicadas, e o que está a ser gasto em armamento, muito mais aquele que se especula venha a ser, faltando o dinheiro para a saúde, a educação, a habitação, etc.!

POST SCRIPTUM:

Uma comentadora televisiva, de seu nome Diana Soller, apresentada como especialista em relações internacionais e recorrendo, conforme a própria, a análises com base em «instrumentos da ciência política», que não noutra coisa qualquer, tipo, por exemplo, conjugação de astros, justificava na CNN deste último domingo a reeleição de Putin com o facto de os russos terem «desde 2006/2007 preferido a estabilidade à democracia».

Ora, não podemos deixar de nos questionar sobre desde quando é que os russos são soberanos para escolherem o que melhor desejem para si. Não pode ser! Nós, os dos «jardins borrellianos», é que temos de ensinar-lhes, patrocinando para o efeito, até, se for preciso, um qualquer golpe de estado, o que bom para eles será, coisas tão boas, como por exemplo, termos à frente duma Comissão Europeia alguém que determina o nosso viver coletivo, mas que não fomos chamados a eleger!

Os mesmos instrumentos de «ciência política» que terão levado, certamente, um jornalista da mesma CNN, um tal Marinheiro, tempos atrás, a descobrir e a revelar-nos que o Irão era um país, que não, pretensamente, «pária», mas «apátrida», assim como a modos de ser um país sem país, estão a ver a coisa?

Ainda dizem que através das nossas televisões, não somos, devida e democraticamente, inducados, não se compreendendo, pois, como possam ir perdendo audiências em favor das desinducativas redes sociais!

Nota marginal:

Confessamos que uma noite destas íamos apanhando uma piela de Vinho do Porto.

Explicitando:

Sentamo-nos, com um cálice de Vinho do Porto frente à pantalha do televisor, para o saborear vendo um (dos poucos) programas que temos como preferidos, o da «Ovelha Choné», na RTP.

Acontece que, por lapso, carregamos em botão errado do respetivo comando do televisor e fomos parar à CNN, onde um Coronel Mendes Dias comentava o conflito militar na Ucrânia vivendo-se, acabando por nos dispormos a ouvi-lo.

Só que ele passava a uma velocidade tal, na sua explanação, de conceitos militares para filosóficos, sociológicos, psicológicos, políticos, metafísicos, etc. e tal, conectando-os entre si e desconetando, tudo sempre «objetivamente», que stressados pelo esforço que fazíamos para o acompanhar no seu erudito raciocínio, fomos bebendo, sem dar por isso, cálice de Vinho do Porto atrás de cálice, ao ponto de que quando ele acabou a sua explanação, mal nos conseguimos levantar do sofá em que nos havíamos sentado para ir à casa de banho aliviar-nos!

E foi assim.

Para ler o artigo anterior do autor, clique aqui.

* Jurista

QOSHE - O Cinismo e os Lunáticos - Luís Ganhão
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O Cinismo e os Lunáticos

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18.03.2024

Não deixa de ser curiosa, para não se dizer cínica, a preocupação havida com certa autodenominada esquerda com a ascensão da direita ao poder no nosso país, quando, ela própria, não tem deixado de prestar homenagem ao «democrático» e «transparente» regime que tem à sua frente o comediante Zelensky, glorificador dum Stepan Bandera, colaboracionista nazi, responsável, durante a segunda guerra mundial, pelo massacre de milhares de judeus, polacos e comunistas, regime este que, nomeadamente, ilegalizou todos os partidos que da respetiva linha pudessem destoar e onde fenómenos de corrupção não têm faltado! A par do seu silêncio ou mesmo conivência no respeitante a toda uma censura a órgãos de comunicação social russos, a propósito do conflito militar na Ucrânia vivido, como se não tivéssemos o direito, como tantas vezes aqui o denunciámos, a ouvir o que do lado de lá, também, se diz, que não só do lado de cá, de forma a podermos sobre ele fazer os nossos próprios juízos de valor, sem tutelas a lembrar um Salazar.

Entretanto, Portugal já decidiu doar (mesmo que por parte de um governo em mera gestão corrente se tratando) mais 100 milhões de euros, não em ajuda alimentar ou outra do género à Ucrânia, mas para compra de munições que permita naquele país assistir-se a maior destruição ainda, a mais milhares de pessoas, em particular jovens, de ambos os lados do conflito, a ficarem estropiados, a morrer. Afinal, sempre serão, pelo menos, para já, os outros e seus filhos a passar por isso. Dinheiro que, contudo, para construir, por exemplo, um há muito prometido Hospital Central do........

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