Afinal, sempre seremos um país pequenino, pobre e tacanho, pelo que ser-se primeiro-ministro dele pouco engrandecerá alguém, comparativamente com a grandeza decorrente de ser-se Presidente duma Comissão Europeia ou Presidente dum Conselho Europeu, razão pela qual o patriota Durão Barroso, enquanto primeiro-ministro dum país assim, de «tanga», logo o trocou pela Presidência da dita Comissão e o seu compatriota António Costa, autodemitido primeiro-ministro, sonhará agora em ver-se Presidente do dito Conselho (deixando, até, Marcelo Rebelo de Sousa a roer-se de inveja!).

Mas, no caminho para tal presidência, António Costa tem uma «pedra no sapato», estar a ser investigado num processo judicial.

Vai daí, proxies, ou melhor dizendo, camaradas seus, enquanto o próprio ficava, estrategicamente, resguardado da contenda, pairando, «angelicamente», acima dela, logo passaram a atacar a atuação do Ministério Público no processo em causa, exigindo, nomeadamente, celeridade no mesmo, já que o tempo corria para a eleição do Presidente do Conselho Europeu, ao ponto, até, de um deles, ex-presidente da Assembleia da República e de seu nome Ferro Rodrigues, exigir ao Presidente da República a convocação dum Conselho de Estado para se debruçar sobre a «pedra no sapato» de António Costa e sugerir a demissão da Procuradora-Geral da República! Nem mais! Os mesmíssimos proxies ou camaradas que em relação a um outro camarada seu, José Sócrates, curiosamente, contudo, sempre foram limpando as mãos no respeitante a igual processo judicial em que aquele se viu envolvido, a pretexto da separação de poderes, de à «política o que é da política e à justiça o que da justiça é» e que, em particular, enquanto governantes e deputados, nunca foram vistos com igual «gana» a denunciar as vicissitudes da Justiça de que outros portugueses possam ser vítimas, como, por exemplo, das demoras sem fim no domínio dos tribunais fiscais e administrativos e a encontrar as soluções politicamente devidas para muitas delas, fosse na contemplação de recursos humanos, fosse de meios materiais para o aparelho judiciário!

Afinal, num país pequenino, pobre e tacanho assim, sempre haverá os «cidadãos» Antónios Costas e os «outros», sendo que estes, democraticamente, se lixem, tanto se dando que a Justiça os sirva devidamente ou não!

Post Scriptum

A grandeza de Bruxelas, nomeadamente em termos remuneratórios (1), impressionará tanto, comparativamente com a pequenez do nosso país, que, também, já se diz que Francisco Assis, do PS, mal eleito para a Assembleia da República, será um dos «cabeça de lista» do mesmo PS às eleições para o Parlamento Europeu! A gente vota neles para a AR, mas eles quererão lá saber desta, o PE é que será bom! A sua eleição, pois, para a AR será só a brincar…com a gente!

(1) Eurodeputado: Salário mensal: € 8 757,70; Subsídio mensal para despesas gerais: € 4 513,00; Subsídio diário por presença em reuniões oficiais em Bruxelas ou Estrasburgo: € 320,00; Reembolso de viagens em «Classe Executiva»; Reembolso de 2/3 de despesas de saúde; Subsídio de reintegração após deixar-se de ser deputado: um mês por cada ano de mandato exercido, até um máximo de dois anos e se já tiver 63 anos e optar pela aposentação, 3,5% do salário por cada ano completo de mandato, até um máximo de 70% do vencimento.

Para ler o artigo anterior do autor, clique aqui.

* Jurista

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País pequenino, pobre e tacanho…

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19.04.2024

Afinal, sempre seremos um país pequenino, pobre e tacanho, pelo que ser-se primeiro-ministro dele pouco engrandecerá alguém, comparativamente com a grandeza decorrente de ser-se Presidente duma Comissão Europeia ou Presidente dum Conselho Europeu, razão pela qual o patriota Durão Barroso, enquanto primeiro-ministro dum país assim, de «tanga», logo o trocou pela Presidência da dita Comissão e o seu compatriota António Costa, autodemitido primeiro-ministro, sonhará agora em ver-se Presidente do dito Conselho (deixando, até, Marcelo Rebelo de Sousa a roer-se de inveja!).

Mas, no caminho para tal presidência, António Costa tem uma «pedra no sapato», estar a ser investigado num processo judicial.

Vai daí, proxies, ou melhor dizendo, camaradas seus, enquanto o próprio ficava, estrategicamente, resguardado da contenda, pairando, «angelicamente», acima dela,........

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