Com o Novo Ano, os 7,8% de aumento do salário mínimo, o fim da isenção do IVA, o agravamento dos produtos alimentares muito acima dos 10%, deixam-nos perplexos e desvairados.
E o que dizer das pensões de aposentação e das reformas dos militares e dos agentes das forças de segurança?
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Mas os serviços de interesse económico geral (os denominados serviços públicos essenciais, tanto os do catálogo como fora dele) não escapam à sanha avassaladora dos agravamentos de preços.
Como o assevera um renomado especialista do sector das energias:
“A gestão do Sistema Eléctrico ao sabor dos "interesses instalados" é paga depois pelos consumidores. Como se viu agora quando a ERSE teve, em desespero ... , de aumentar de novo a Dívida Tarifária do Sector Eléctrico para 2.000 milhões de euros em 2024 !!!...
Dívida essa que, com juros e comissões bancarias!... , terá depois de ser paga pelos consumidores !!!...
É a continuação duma tragédia económica principiada "auspiciosamente" pela dupla Sócrates/ Pinho em 2006 !!!...”
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E, com efeito, é o que sucede sempre: a factura das tropelias dos que mal nos governam e bem se governam, é sempre endossada aos contribuintes e aos consumidores.
Pagamos todos pelos dislates destes tipos que não escolhemos (e que outros terão escolhido…) mas que temos de gramar até que a bancarrota de novo se instale…, apesar das decantadas “contas certas”!
Depois, convencem-nos de que os preços estão estabilizados e que os salários e as pensões sobem mais que os denominados índices de preços no consumidor, que variam consoante os apetites:
Os produtos do cabaz de compras mais que dobram em determinados produtos, outros sobem 100%, 80%, 60%, 53%, mas os valores da inflação andam pelos 4,3%, 3,4%, consoante os apetites e os paladares.
Veja-se o que aconteceu ao preço do azeite, da pescada congelada, dos ovos, do frango, das hortifrutícolas, da banana da América Latina, dos ovos e de tantos outros produtos do cabaz dos 46…
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Confronte-se o preço de 17 de Abril de 2023 e o de 05 Janeiro de 2024.
Mas para as rendas de casa, sem os valores da habitação, a coisa roça os 7%...
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A Electricidade fora do mercado regulado sobe 5%, sem considerar eventualmente as taxas de potência, em si mesmas inconstitucionais, mas que vogam por aí como se não fora.
Vá-se lá perceber estes jogos em que nos enredam.
Dizia, no outro dia, uma figura grada da magistratura que frequenta as gôndolas dos super e hipermercados, como consumidor que é: “só não sabe o que sobem as coisas quem não vai às compras…”
O Expresso dizia em anterior edição que os bens essenciais sobem, em Janeiro, 10 ou mais %.
Mas a inflação, são esses os números que nos vendem, não ultrapassará os 3,4 ou os 4,3%...
A quem é que esta gente quer enganar?
Tarifas de acesso às redes disparam 316% em 2024, diz o Jornal de Negócios…
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Em Janeiro, o valor pago pelas famílias no acesso às redes vai quadruplicar e custar mais 96 € por MWh. Tanto no mercado regulado, como no livre, as facturas da luz vão aumentar, apesar de os comercializadores prometerem baixar o preço da energia…
Os aumentos das pensões não chegam para tanta fartura.
Quem é que esta gente quer enganar?
Um dia destes, num grossista, vimos bacalhau, nada que enchesse os olhos, tal a magreza dos peixes, a 16, a 19 , a 20, a 32 € o quilo. E apresentava-se tão ressequido quanto a bolsa da maioria dos cidadãos…
Longe vai o tempo do “bacalhau a pataco”!
Que dizer de toda esta traquibérnia?
Basta de brincarem com a nossa bolsa e as nossas atitudes como consumidores, normalmente passivos, inermes, inertes!
O Governo ainda em gestão mandou às malvas a política de consumidores. Que isso é para retrógrados, digno de figurar como peça de um qualquer museu. Porque é fundamental se evolua no quadro do vigente socialismo neoliberal.
Quando uma das escassas medidas do minguado programa do Governo, enauanto política de consumidores, é ampliar os quadros da Entidade Reguladora do Mercado – a ASAE –, está tudo dito…
O Ministério da Economia e o da Justiça passaram ao lado da política de consumidores.
E, no entanto, esta gente continua a “cantar de galo”!
O que nos reserva o 10 de Março, bem próximo do 15 de Março, Dia Mundial dos Direitos dos Consumidores?
De onde em onde temos eleitores (haja eleições!): os consumidores emigraram para ignotas paragens!
Que se ‘lixem’ os consumidores que são “carne para canhão”!
As promessas políticas são equivalentes a certos “produtos-milagres”, ou seja, à “banha-da-cobra”!
Rendem que se fartam!
Para ler o artigo anterior do autor, clique aqui.
* Presidente emérito da apDC – DIREITO DO CONSUMO - Portugal
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