Minas é bão, sô! Mas ocê sabe, o Planalto também tem o seu jeitim. O governador Romeu Zema (Novo) não está mais fazendo tanta cerimônia quando o assunto é 2026. Zema não negou aos jornalistas convidados para um café da manhã na última terça-feira a possibilidade de disputar a Presidência da República.

Antes avesso à política, Zema lembrou no encontro que não planejou se candidatar ao governo de Minas. Segundo ele, foi convencido, voto vencido. Agora, quase seis anos à frente do segundo estado mais populoso do Brasil, o cenário mudou. Junto com o novo gosto, novos planos surgiram na cabeça do mineiro. Além de mirar Brasília, ele disse ter o desejo de protagonizar uma nova política, distante das negociações de bastidores e focada na gestão.

Para chegar ao seu destino final, Zema traçou quatro estratégias. O primeiro passo seria se tornar o "embaixador" do partido Novo. Isso porque, com a saída de João Amoêdo – que apoiou a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022 –, a legenda ficou carente de um rosto mais conhecido que, além de impulsionar o partido e engajar eleitores, possa atuar como interlocutor da legenda.

O segundo passo é fugir do Legislativo. A questão é: Zema não esconde a aversão a algumas práticas da política. Ele já confessou não gostar de fazer reuniões com deputados da sua base na Assembleia Legislativa. Essa atividade, segundo ele, fica com o vice, Matheus Simões, e com os secretários Gustavo Valadares e Marcelo Aro.

Se as articulações estão fora do radar do governador, uma vaga no Legislativo também parece improvável. Antes de se discutir uma possível candidatura de Zema ao Planalto, interlocutores do Novo diziam, nos bastidores, desejar que o mineiro tentasse o Senado. A possibilidade, além de descartada por Zema, parece tê-lo ofendido. "Não sou homem disso", chegou a dizer.

O terceiro ponto é a conquista do eleitorado de direita. Na conversa informal com jornalistas, o governador afirmou que discorda de várias pautas defendidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu aliado político e maior nome do conservadorismo atualmente no país. Embora não endosse as pautas de costumes, tão defendidas pelo bolsonarismo, Zema aproveita as oportunidades para estar ao lado do ex-presidente. E deixa claro: se convidado, estará em todas as manifestações em defesa de Jair Bolsonaro.

A escolha é uma tentativa de se aproximar do eleitorado bolsonarista. A estrategia é clara: em um país polarizado, Zema precisa se firmar nacionalmente como um nome da direita. Estar com Bolsonaro significa herdar boa parte dos votos que seriam destinados ao ex-presidente, derrotado nas urnas e inelegível pela Justiça eleitoral.

Para se tornar viável em 2026, ele precisará de fortes aliados. O governador tem uma estratégia: se aproximar de lideranças populares em seus estados. É o caso de Ronaldo Caiado (União Brasil), citado pelo mineiro como um dos políticos que admira. Os governadores de Minas e Goiás, aos poucos, vêm ligando suas imagens por meio de vídeos e eventos em conjunto. Se a dupla estará em uma mesma chapa, Zema não deixa claro, mas o fato é que a aproximação de ambos já vem incomodando.

Ao jornal O Globo, o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, e patrocinador das últimas manifestações a favor de Jair Bolsonaro, disse não acreditar na solidariedade de Zema e Caiado ao ex-presidente. Segundo o líder religioso, a proximidade dos políticos com o ex-presidente se dá apenas pelo desejo de ambos representarem o bolsonarismo nas eleições de 2026.

Com o objetivo vislumbrado, Romeu Zema começa a desenhar seu novo caminho. De olho no Planalto e se autodefinindo como um “gestor de primeira”, ele só falta decidir se, caso eleito e vá para Brasília, também dispensará a residência oficial, o Palácio do Alvorada, e seguirá o que faz em Minas: alugando um “cantim”.

A retirada em massa do Bloco Democracia e Luta, que representa os deputados estaduais aliados do presidente Lula na Assembleia Legislativa, da cerimônia de inauguração da fábrica de biomedicamentos Biomm, em Nova Lima, ganhou destaque. No entanto, o que ficou ainda mais evidente foi a profunda insatisfação dos parlamentares por terem sido ignorados pelo presidente. Segundo relatos, embora o discurso oficial tenha sido em cima da falta de organização da fábrica, a verdadeira fonte de desconforto foi a atitude do chefe do Executivo brasileiro. Ao chegar a Belo Horizonte, Lula optou por evitar a recepção dos parlamentares, não concedendo sequer um gesto de reconhecimento a seus aliados políticos.

A visita de Lula a Nova Lima chamou a atenção pela ausência de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado e do Congresso. Embora tenha sido convidado e confirmado pelo Palácio do Planalto em nota divulgada às 7h, Pacheco não compareceu, aparentemente devido a desacordos com o governo Lula em relação à judicialização da desoneração da folha no Supremo Tribunal Federal (STF). Na sexta-feira, Pacheco anunciou sua intenção de recorrer à Suprema Corte.

Enquanto a ausência de Rodrigo Pacheco era notada em Nova Lima, dois possíveis adversários marcaram presença. O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), fez questão de comparecer à cerimônia de Lula na cidade vizinha. O mesmo fez o pré-candidato petista à PBH, Rogério Correia. Por enquanto, a incerteza sobre quem Lula apoiará nas eleições municipais persiste.

Enquanto todos os olhares estavam voltados para Lula, uma pauta importante estava em discussão na Assembleia Legislativa: a distribuição de canabidiol pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Com relatos comoventes de pacientes, deputados, médicos e advogados se reuniram em uma mesa redonda para debater o assunto. Minas está ficando para trás em termos de legislação, enquanto outras 24 federações já têm projetos de lei que garantem o acesso gratuito a esses medicamentos.

Fenômeno mundial, a cantora Taylor Swift conseguiu um novo feito além dos seus 100 milhões de ouvintes mensais: uma lei para chamar de sua. De autoria do mineiro Pedro Aihara (PRD), projeto de lei que amplia punições para cambistas em eventos esportivos, shows e outros espetáculos foi aprovado na Câmara dos Deputados. Com o sinal verde, agora o texto será enviado ao Senado Federal.

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Palácio do Planalto na mira de Zema

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27.04.2024

Minas é bão, sô! Mas ocê sabe, o Planalto também tem o seu jeitim. O governador Romeu Zema (Novo) não está mais fazendo tanta cerimônia quando o assunto é 2026. Zema não negou aos jornalistas convidados para um café da manhã na última terça-feira a possibilidade de disputar a Presidência da República.

Antes avesso à política, Zema lembrou no encontro que não planejou se candidatar ao governo de Minas. Segundo ele, foi convencido, voto vencido. Agora, quase seis anos à frente do segundo estado mais populoso do Brasil, o cenário mudou. Junto com o novo gosto, novos planos surgiram na cabeça do mineiro. Além de mirar Brasília, ele disse ter o desejo de protagonizar uma nova política, distante das negociações de bastidores e focada na gestão.

Para chegar ao seu destino final, Zema traçou quatro estratégias. O primeiro passo seria se tornar o "embaixador" do partido Novo. Isso porque, com a saída de João Amoêdo – que apoiou a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022 –, a legenda ficou carente de um rosto mais conhecido que, além de impulsionar o partido e engajar eleitores, possa atuar como interlocutor da legenda.

O segundo passo é fugir do Legislativo. A questão é: Zema não esconde a aversão a algumas práticas da política. Ele já confessou não gostar de fazer reuniões com deputados da sua base na Assembleia Legislativa. Essa atividade, segundo ele, fica com o vice, Matheus Simões, e com os secretários Gustavo Valadares e Marcelo Aro.

Se as articulações estão fora do radar do governador, uma vaga........

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