É impossível ter acompanhado a vida política à portuguesa nos últimos anos sem ter ouvido histórias das caixas de sapatos que entravam cheias de maços de notas nas sedes partidárias. Houve jornalistas que passaram a assessores e acabaram pagos com esse dinheiro. Houve políticos que desabafaram sem reserva ter chocado com as caixas. E houve e há processos judiciais assentes em suspeitas de financiamentos ilegais que inspiraram batismos como o Tutti-Frutti.
As leis foram mudando, apertou-se a malha, clarificaram-se regras, o sistema ganhou respiração e ver caixas de sapatos com maços de notas a entrar em palácios, seja na São Caetano à Lapa ou no Largo do Rato, já não é suportável. Como não é suportável, e António Costa percebeu-o desde o primeiro minuto, ver envelopes com milhares de euros em dinheiro vivo na residência oficial de um chefe do Governo. Ninguém verdadeiramente sabe o que está em causa no Influencer, é cedo para perceber o que tem a Justiça em mãos entre a aparente montanha e o aparente rato, mas o estrondo do que aí está volta a interpelar uma classe política onde até os melhores, os mais dotados, os mais experientes, os mais bem preparados — e Costa está no topo da lista — se formaram, cresceram e abriram atividade quando as regras do jogo eram outras.
Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.
Já é assinante? Faça login Assine e continue a ler
Comprou o Expresso?
Insira o código presente na Revista E para continuar a ler