O ano que agora começa mais do que decisivo para os partidos políticos, será sim crucial para aquilo que os portugueses anseiam. Em 2024 teremos a oportunidade de mudar de vida ou se continuarmos a ser um país na cauda da europa, enganados por números parciais, embriagados por fundos europeus e deslumbrados por sonhos nunca concretizados.

Mas se queremos mudar de vida não basta mudarmos de Governo ou mudar o partido que está no Governo. Como sociedade há muita coisa a mudar e isso começa sempre por quem nos lidera e pelo exemplo que deve vir de cima. Mas como população e como comunidade também temos de ser mais exigentes e não embarcarmos na primeira coisa que nos dizem ou que vemos num rodapé de televisão.

Nestes últimos meses de tremenda crise na saúde e na educação, nós comunidade, nós políticos, mas também os jornalistas e os académicos e investigadores, demos mais importância a uma polémica com as famosas gémeas brasileiras do que aos problemas que estão na base da crise no SNS, aos desastrosos resultados dos exames PISA na educação ou aos atrasos na aplicação do PRR.

O clima político em Portugal está inquinado pela fragilização das instituições, que começou pelo ainda Primeiro-Ministro em 2015, continuou pela ação do Presidente da República e a própria oposição deu muitas vezes o seu contributo para esse desastre. Em Portugal, perdeu-se o respeito pelas instituições, sejam elas reguladores, sejam da justiça ou da administração pública. A forma como o Governo de António Costa tratou tantas instituições, a forma como as usou ou manipulou deu um contributo tremendo tanto para a sua perda de credibilidade como de eficácia. E o melhor exemplo disso é o Banco de Portugal.

Começar a mudar este cenário é fundamental para alterar o rumo do nosso país. Só com uma sociedade mais exigente conseguiremos ter um Governo mais competente, só com uma oposição mais responsável e inteligente conseguiremos ter um escrutínio mais profundo e mais eficaz.

Neste ano de 2024 Portugal tem várias oportunidades de mudar de vida. Se estamos satisfeitos com o pouco que temos então a solução é continuar a votar no PS e aí teremos a certeza que nada muda, que tudo se deteriora apesar de continuarmos iludidos num futuro melhor. Mas se quisermos mesmo viver melhor, num espaço em que a meritocracia tem significado, em que o Estado é menos presente mas mais eficaz naquilo que são as suas funções vitais, onde a educação é exigente, onde na prestação de cuidados de saúde todos contam e todos têm os mesmos direitos, sejam ricos ou pobres, então talvez seja melhor apostar numa alternativa democrática.

E não basta dizer que somos exigentes, temos de ser consequentes.