Os debates destas últimas duas semanas permitiram ver que há de facto soluções muito diferentes para os principais problemas e que, curiosamente, também há propostas parecidas que vêm de lados opostos da barricada. O que também acaba por ser um bom sinal. Terminados os debates ficam duas notas: Rui Rocha saiu-se melhor do que se esperava. Luis Montenegro revelou-se com o mais preparado e seguro e isso foi uma boa surpresa para quem não o conhecia. Pedro Nuno Santos foi demasiado manso no início e no final regressou ao animal feroz que já conhecíamos e Paulo Raimundo criou a imagem de “bom tipo”. Resumindo, Luís Montenegro confirmou que deverá ser o melhor Primeiro-Ministro e Pedro Nuno Santos confirmou que fará bem o papel de líder da oposição.

Apesar das boas discussões a que assistimos, também é triste verificar a forma maniqueísta como a maioria dos partidos e seus líderes se comportam. E isso não é melhor do que o discurso do ódio de que tantos se arvoram como combatentes.

Mas os debates também revelaram que é possível ter discussões decentes mesmo entre partidos de esquerda e de direita. Por outro lado, percebemos que também é impossível sair com dignidade de um debate quando um dos intervenientes se comporta como rufia mentiroso e manipulador. André Ventura que, apesar de dizer algumas verdades no meio de tanta aldrabice e falta de noção, comporta-se como um verdadeiro bully e impede qualquer racionalidade no debate. Fica-se com a sensação que a única forma decente de estar num debate com Ventura é ficar calado ou abandonando a sala em protesto como fez ontem Ana Abrunhosa. Aliás, até deixo uma sugestão para uma próxima eleição: fechar-lhe o microfone sempre que abusar das interrupções.

É justo salientar que apesar destes debates mais truculentos também tiveram lugar verdadeiras discussões sobre as propostas de cada partido. Destaco por exemplo o debate entre AD e o Livre ou entre a AD e a IL.

Ontem, aquele que era o debate mais esperado não foi propriamente um bom exemplo de discussão séria e articulada. Pedro Nuno Santos foi muito mais agressivo do que tinha sido habitual até agora e nesse estilo quase “Venturiano” surpreendeu Luís Montenegro que não tem jeito para o debate de guerrilha e cheio de interrupções. Como se viu até aqui, o líder da AD revelou-se aos portugueses pela capacidade de discutir com profundidade políticas alternativas nos mais diversos sectores, com dados concretos e visão estratégica. Revela confiança e ponderação. Ora, ontem, Luís Montenegro bem tentou mas não conseguiu fazer essa discussão construtiva que tinha tido sucesso com Rui Tavares, com Rui Rocha, com Paulo Raimundo e até em certa medida com Mariana Mortágua. Não conseguiu porque Pedro Nuno Santos não quis, não deixou e preferiu caminhar para o seu registo habitual de frases feitas, acusações ao PSD e a propaganda do costume de o PS é que é bom e a esquerda é o céu. Curiosamente ou não, os que criticam o estilo guerreiro e truculento, cheio de apartes de Ventura, já acham bem se for Pedro Nuno Santos.

Com estes debates ficou claro que Luís Montenegro é o mais bem preparado e ponderado para ser Primeiro-Ministro e que Pedro Nuno Santos dará um excelente líder da oposição. São estilos muito diferentes e até antagónicos. A campanha que se segue vai permitir afirmar os projectos mas vai ter menos discussão, será mais propaganda e menos debate.

QOSHE - Montenegro convence para Primeiro-Ministro, Pedro Nuno o melhor para líder da oposição - Duarte Marques
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Montenegro convence para Primeiro-Ministro, Pedro Nuno o melhor para líder da oposição

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20.02.2024

Os debates destas últimas duas semanas permitiram ver que há de facto soluções muito diferentes para os principais problemas e que, curiosamente, também há propostas parecidas que vêm de lados opostos da barricada. O que também acaba por ser um bom sinal. Terminados os debates ficam duas notas: Rui Rocha saiu-se melhor do que se esperava. Luis Montenegro revelou-se com o mais preparado e seguro e isso foi uma boa surpresa para quem não o conhecia. Pedro Nuno Santos foi demasiado manso no início e no final regressou ao animal feroz que já conhecíamos e Paulo Raimundo criou a imagem de “bom tipo”. Resumindo, Luís Montenegro confirmou que deverá ser o melhor Primeiro-Ministro e Pedro Nuno Santos confirmou que fará bem o papel de líder da oposição.

Apesar das boas discussões a que assistimos, também é triste verificar a forma maniqueísta........

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