O desafio que Portugal tem pela frente não é tão fácil como parece. Se é verdade que não estamos novamente em pré-bancarrota, antes pelo contrário, o estado a que chegaram os principais serviços públicos, como a saúde, a educação, a habitação ou as forças de segurança revelam uma fragilidade muito pior do que nos tempos de José Sócrates. Como o próprio António Costa já reconheceu, o cenário económico nacional e internacional para 2024 é muito preocupante e promete condicionar as escolhas que o país terá de fazer. Não é tempo nem para brincadeiras nem para precipitações.

Como lembrava Leonor Beleza no último domingo na Convenção da Aliança Democrática, a conjuntura internacional é muito incerta, ao juntarmos as guerras na Ucrânia, a crise no Médio Oriente, o possível regresso de Trump e a falta (acrescento eu) de foco da União Europeia exigem que em Portugal exista uma liderança competente e responsável mas sobretudo com bom senso, acrescento eu novamente.

Demasiadas vezes a ideologia e os maneiqueísmos se têm sobreposto à realidade na tomada de decisão. O país tinha muito a ganhar se as políticas de fundo tivessem continuidade e fossem respeitadas as opções feitas no passado. O experimentalismo que resulta da raiva ideológica e da falta de sentido de responsabilidade dos governantes levou à inversão de duas políticas que tinham bons resultados comprovados: as PPPs na saúde que agora estão num caos; a política de exigência e metas na educação que fez os alunos subir no PISA e que agora nem o desenho da península ibérica identificam num mapa. Se houvesse bom senso, nada disto teria ocorrido.

Depois das listas de Deputados que estão quase fechadas, estamos numa fase da pré-campanha onde começamos finalmente a discutir as propostas ou promessas de cada partido. Curiosamente ou não, todos questionam as contas e custos das propostas que o PSD, o Chega ou a IL apresentam mas ainda não vi semelhante exercício a ser feito para as propostas do PS, do Bloco ou do PCP.

Deixo uma sugestão, em vez de tentarmos saber que serão os Deputados de cada partido, talvez fosse útil começar a perguntar aos partidos quem serão os seus governantes caso sejam eleitos? Quem vai liderar a Saúde? E a Habitação? E as Finanças? E a Administração Interna? E Educação? A Economia? Ou o Ambiente?

As próximas eleições são mesmo importantes. É o futuro de Portugal que está em jogo, não é tempo para brincar, arriscar ou apenas para protestar. A execução do PRR, o próximo programa quadro da UE, o crescimento económico, o caos na saúde, o facilitismo na educação e a desorientação total nas forças de segurança exigem aos portugueses bom senso, ponderação e um governo que faça as reformas necessárias.

Já não vamos lá nem com promessas ou PowerPoints nem com gritaria e falsos messias. É preciso escolher gente competente, ponderada e com bom senso.

QOSHE - O país precisa de bom senso - Duarte Marques
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O país precisa de bom senso

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23.01.2024

O desafio que Portugal tem pela frente não é tão fácil como parece. Se é verdade que não estamos novamente em pré-bancarrota, antes pelo contrário, o estado a que chegaram os principais serviços públicos, como a saúde, a educação, a habitação ou as forças de segurança revelam uma fragilidade muito pior do que nos tempos de José Sócrates. Como o próprio António Costa já reconheceu, o cenário económico nacional e internacional para 2024 é muito preocupante e promete condicionar as escolhas que o país terá de fazer. Não é tempo nem para brincadeiras nem para precipitações.

Como lembrava Leonor Beleza no último domingo na Convenção da Aliança Democrática, a conjuntura internacional é muito incerta, ao........

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