A recente eleição na Argentina vem confirmar o que há muito já sabíamos: a principal causa do crescimento dos populistas é a incompetência dos governantes e dos partidos moderados que detêm o poder. Foi assim no Brasil com o surgimento de Bolsonaro após a desilusão com o PT de Lula e Dilma, foi assim nos EUA que Trump venceu face à desilusão com Obama mas sobretudo com o establishment americano e repete-se agora na Argentina após décadas de incompetência e populismo esquerda/caviar dos Kirchner só interrompidos pelo fenómeno Macri. Em Itália já tínhamos visto Beppe Grillo a surgir dos escombros da desilusão com Renzi e agora Meloni após os flops de Salvini mas também a desilusão de alguns moderados como Leta ou Draghi.

Também em Portugal percebemos que o principal factor de crescimento do fenómeno Chega é a destruição dos serviços públicos causados pelo governo do Partido Socialista e da Geringonça, são os “casos e casinhos” de António Costa que minam a credibilidade das instituições e que prejudicam não só eleitoralmente o PS mas também os partidos moderados como o PSD já que a presunção popular é que são todos iguais. Felizmente tal não é verdade.

Tal como os brasileiros não eram na sua maioria loucos porque elegeram Bolsonaro, nem os americanos são atrasados mentais por continuarem a garantir quase 50% de intenções de voto a Trump. Pela mesma lógica os argentinos não são na sua maioria doidos por votarem numa espécie de “Austin Powers” da política nem os eleitores do Chega atrasados mentais por confiarem num partido infantil, instável, governado por deslumbrados e com uma agenda que tem tanto de xenófoba como copia em muitos pontos o programa do Bloco de Esquerda e o PCP.

As pessoas tendem a votar em partidos radicais ou extremistas porque estão fartas do statu quo, estão fartas da incompetência, da falta de transparência. Os últimos governos argentinos têm sido uma desgraça com um Presidente que era mais um fantoche da verdadeira líder Cristina Kirchner. Os argentinos elegeram um louco que diz falar com Deus através dos seus cães. Os cidadãos elegeram este tresloucado porque do outro lado estaria o “pai” da inflação a 150%. Entre o representante de um bloco corrupto e incompetente manobrado por Cristina ou um tresloucado, em desespero os argentinos elegeram uma espécie de “tiririca” pois pior não fica.

Em Portugal, as pessoas votam em partidos extremistas porque além de estarem desiludidas com o estado da “coisa pública”, veem um governo que sobrepõe a ideologia e o preconceito à realidade dos problemas. Mas provavelmente a principal razão é porque pagam cada vez mais impostos e têm cada vez mais piores serviços públicos. Os eleitores do Chega são na sua maioria melhores que os seus dirigentes ou que os seus deputados e só votam nesse partido porque não vislumbram nem competência nem coragem nos restantes.

Cabe aos partidos moderados mostrar-lhes o contrário e que se há uma alternativa ao Partido Socialista então o voto de mudança tem de ser no único partido que pode vencer o PS, o PSD. Agora é preciso que o partido de Sá Carneiro hoje liderado por Luís Montenegro demonstre precisamente que pode vencer e que tem uma visão para reformar Portugal, para fazer aquilo que os socialistas adiaram durante oito anos: baixar impostos e fazer reformas estruturais.

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Populismo é o filho da incompetência

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21.11.2023

A recente eleição na Argentina vem confirmar o que há muito já sabíamos: a principal causa do crescimento dos populistas é a incompetência dos governantes e dos partidos moderados que detêm o poder. Foi assim no Brasil com o surgimento de Bolsonaro após a desilusão com o PT de Lula e Dilma, foi assim nos EUA que Trump venceu face à desilusão com Obama mas sobretudo com o establishment americano e repete-se agora na Argentina após décadas de incompetência e populismo esquerda/caviar dos Kirchner só interrompidos pelo fenómeno Macri. Em Itália já tínhamos visto Beppe Grillo a surgir dos escombros da desilusão com Renzi e agora Meloni após os flops de Salvini mas também a desilusão de alguns moderados como Leta ou Draghi.

Também em Portugal percebemos que o principal factor de crescimento do fenómeno Chega é a........

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