Ainda há dias vimos a Índia a colocar uma nave no espaço. Em todo o lado começamos a ver automóveis e até transportes públicos autónomos sem qualquer condutor. Já existem aviões totalmente ligados por wifi e outras aeronaves não tripuladas capazes de auxiliar nas mais diversas tarefas, desde a agricultura, à proteção florestal, ao resgate de pessoas, aos serviços de correio. Em Portugal deixamos de parar nas portagens para usar a Via Verde que hoje usamos em postos de combustível e parques de estacionamento. Nos hospitais fazem-se operações e milagres com robots orientados a quilómetros de distância. A tecnologia mudou o mundo e tem uma influência incrível nas nossas vidas.

Apesar de tudo isto, continuamos a ser incapazes de mudar coisas tão simples como a forma como gerimos o trânsito, a circulação rodoviária ou os sinistros nas nossas estradas.

Diariamente perdemos horas em filas de trânsito porque há um acidente ou um veículo avariado na via onde circulamos, que cria um verdadeiro inferno e quando passamos pela situação verificamos que afinal, felizmente, não tinha sido nada de especial, não houve feridos e rapidamente concluímos que não era caso para tamanho alarido, ou neste caso tamanho engarrafamento.

Seja por uma distração ou um simples azar, a verdade é que há milhares de pequenos acidentes por dia nas nossas estradas que causam o caos, atravancam a vida de todos, provocam irritações, atrasos e até outros acidentes porque se demora muito tempo a retomar a circulação, a retirar os veículos da via, a tirar medidas ou simplesmente a esperar pelas autoridades ou pelo reboque.

Se me parece impossível resolver o problema dos “orçamentistas”, aqueles que na sua marcha quase param para verem bem o que se passou e satisfazerem a sua curiosidade mórbida, acredito que será possível adoptar medidas para “despachar” mais depressa as situações que são provocadas por pequenos toques sem gravidade nem para os veículos nem para os passageiros.

Será que com tanta tecnologia, drones e todos os outros meios que hoje existem quer graças ao desenvolvimento tecnológico e à inteligência artificial quer graças à experiência acumulada das autoridades, não será possível encontrar um mecanismo que permita mais rapidamente “fotografar” ou marcar um local de acidente, permitindo assim remover as viaturas que impedem a circulação normal mais rapidamente?

Procurei mas não consegui ter acesso a dados estatísticos sobre o impacto que cada pequeno acidente tem no trânsito nem quanto tempo leva em média a dar-se por resolvida a situação. Diria, como leigo, que entre a chamada para o 112 (3-5 minutos após o acidente), a chegada ao local das autoridades (pelo menos 20 minutos), medições e análise da situação (mais 20 minutos), remoção dos veículos da posição inicial para a berma ou eventual reboque (mais 20 minutos), estamos a falar de pelo menos 1 hora, se tudo correr bem.

Ora, diria que quaisquer 20 minutos que consigamos tirar a esta espera é um contributo brutal para a fluidez do trânsito nas horas de ponta. Com todas as consequências que isso tem na vida das pessoas, seja no cumprimento de horários, seja em mais tempo disponível ou até no seu humor e estado de espírito. Já para não falar nos infelizes envolvidos que querem uma solução rápida, que proteja os seus direitos e que seja clara na solução do problema e das responsabilidades inerentes.

Qualquer solução que possa vir a existir tem de garantir certeza e segurança jurídica para todas as partes envolvidas pois qualquer mecanismo que acelerasse estas situações morreria à partida se tivesse alguma fragilidade processual que prejudicasse os sinistrados.

Mas será que as autoridades ou mesmo as concessionárias das auto-estradas ou vias rápidas não conseguem utilizar os meios hoje disponíveis, sejam drones, câmeras de vigilância ou simples sprays de tinta para “fotografar” ou apenas marcar as posições dos veículos, as travagens ou distâncias?

Fica o desafio.

QOSHE - Recorrer à tecnologia para resolver os pequenos acidentes rodoviários - Duarte Marques
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Recorrer à tecnologia para resolver os pequenos acidentes rodoviários

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07.11.2023

Ainda há dias vimos a Índia a colocar uma nave no espaço. Em todo o lado começamos a ver automóveis e até transportes públicos autónomos sem qualquer condutor. Já existem aviões totalmente ligados por wifi e outras aeronaves não tripuladas capazes de auxiliar nas mais diversas tarefas, desde a agricultura, à proteção florestal, ao resgate de pessoas, aos serviços de correio. Em Portugal deixamos de parar nas portagens para usar a Via Verde que hoje usamos em postos de combustível e parques de estacionamento. Nos hospitais fazem-se operações e milagres com robots orientados a quilómetros de distância. A tecnologia mudou o mundo e tem uma influência incrível nas nossas vidas.

Apesar de tudo isto, continuamos a ser incapazes de mudar coisas tão simples como a forma como gerimos o trânsito, a circulação rodoviária ou os sinistros nas nossas estradas.

Diariamente perdemos horas em filas de trânsito porque há um acidente ou um veículo avariado na via onde circulamos, que cria um........

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