Sempre que um novo parlamento toma posse, exerce-se a democracia, celebra-se o parlamentarismo e honra-se a vontade do povo. Para os verdadeiros democratas este é sempre um momento de felicidade, independentemente das maiorias ou representatividade de cada partido. A democracia é como um ser vivo, tem de ser regada e cuidada.

Ser Deputado é provavelmente a maior honra mas também a maior responsabilidade política que alguém pode ter, significa representar os nossos vizinhos, os nossos amigos, os nossos concidadãos, a nossa região, as nossas gentes. Se ser eleito Deputado não é assim tão difícil, já cumprir essa missão com honra e responsabilidade já é um desafio maior mas que está ao alcance de todos, sem exceção. Ser um verdadeiro Deputado é votar todos dias a casa e pensar “o que fiz hoje pelas pessoas que represento?”

O “novo” Parlamento é o espelho da escolha dos portugueses em determinado momento das nossas vidas e é preciso compreender que gostemos, ou não, os Deputados têm todos a mesma legitimidade. Não perceber isso é não respeitar a democracia.

As circunstâncias atuais, se obrigam o governo e a sua maioria a uma maior capacidade de negociação, exigem também aos partidos da oposição uma maior responsabilidade na hora de decidir. Foi essa a decisão dos portugueses, foi essa a mensagem que os portugueses enviaram aos partidos políticos. Quiçá, fartos da arrogância da maioria absoluta e da governação do PS, os portugueses disseram que queriam a AD a governar mas a depender nos momentos chave do Partido Socialista ou do Chega.

Acredito que o tempo do oportunismo político de António Costa terminou e que a sua desvalorização de conquistas importantes do país pela mão do PSD minou a credibilidade dos maiores partidos e contribuiu para o crescimento do Chega. O populismo combate-se através da competência, das políticas eficazes e da responsabilidade.

Rejeitado qualquer acordo de governação com o Chega, é hoje evidente que o Governo da AD só poderá incluir a IL, seja no Governo ou através de um acordo de incidência parlamentar. Se o”não é não” de Luís Montenegro já era suficiente, após as eleições o Chega fez todos os possíveis para impedir qualquer mudança da AD, revelou que ao estar no governo seria sempre mais um fator de instabilidade do que de estabilidade. Esse tempo está encerrado.

Hoje, mais do que discutir a governabilidade importa começar a discutir as políticas que poderão fazer a mudança. E os problemas existentes no país são tantos que não há tempo para preconceitos ou tática política. No parlamento, medidas da AD serão obviamente votadas pelos restantes partidos independentemente da cor política, como sempre foi. Ainda na legislatura passada o Chega aprovou dezenas de propostas do PS, ao lado do BE e do PCP e ninguém ficou incomodado com isso. Nesta legislatura acontecerá o mesmo porque os partidos concordarem no parlamento é mais habitual do que muitos julgam ou apregoam. Mas apesar de saberem isto, os indignados do costume virão a público sempre que o Chega aprovar propostas da AD. Aliás muito tentam esquecer-se da tentativa de viabilização de uma lei que o Governo de Costa tentou em pleno plenário junto do então Deputado único André Ventura após uma nega, creio, do BE.

O exercício da responsabilidade tem sempre duas vias, de quem governa e de quem faz oposição. E os portugueses já foram, mais do que uma vez, claros sobre quem responsabilizam pela instabilidade - resultou em duas maiorias absolutas uma de Cavaco Silva e a outra, malfadada, de Costa.


Boa sorte aos novos Deputados, têm uma grande responsabilidade pela frente!

QOSHE - Regar a democracia - Duarte Marques
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Regar a democracia

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26.03.2024

Sempre que um novo parlamento toma posse, exerce-se a democracia, celebra-se o parlamentarismo e honra-se a vontade do povo. Para os verdadeiros democratas este é sempre um momento de felicidade, independentemente das maiorias ou representatividade de cada partido. A democracia é como um ser vivo, tem de ser regada e cuidada.

Ser Deputado é provavelmente a maior honra mas também a maior responsabilidade política que alguém pode ter, significa representar os nossos vizinhos, os nossos amigos, os nossos concidadãos, a nossa região, as nossas gentes. Se ser eleito Deputado não é assim tão difícil, já cumprir essa missão com honra e responsabilidade já é um desafio maior mas que está ao alcance de todos, sem exceção. Ser um verdadeiro Deputado é votar todos dias a casa e pensar “o que fiz hoje pelas pessoas que represento?”

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