Agora, pela janela, vejo um carvalho por onde decididamente cresce a hera. Há uma pereira-brava, das que dá peras de capote, rijas que nem cornos e amargas — estas, outros tê-las-ão doces, à custa de as tratarem; há um castanheiro que deve ter a idade do Matusalém e mais carvalhos e mais castanheiros, tílias, limoeiros e uma cerejeira rachada de alto a baixo por um raio que a partiu. O vendaval de há dois meses levou ramos inteiros de árvores fortes e altas. Ao lado, há o que resta do que foi altivo milho com mais do que uma geada em cima e, enfim, estamos na Beira, umas vinhas de latada, indecentemente nuas nesta época de frio. Ao fundo vê-se a serra da Nave ou do Leomil (há discussões sobre o nome desde o tempo em que Aquilino Ribeiro era rapazola) e ainda, mais à esquerda, para o lado do mar, a de Montemuro; com esforço e subindo a uns montes, tanto se vê o pico de São Macário, na serra da Arada, como para nascente, lá muito ao longe, a da Estrela que, descontando a do Pico, é a mais alta que temos em Portugal.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.

Já é assinante? Faça login Assine e continue a ler

Comprou o Expresso?

Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

QOSHE - Por entre fragas e montes - Henrique Monteiro
menu_open
Columnists Actual . Favourites . Archive
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close
Aa Aa Aa
- A +

Por entre fragas e montes

8 12
29.12.2023

Agora, pela janela, vejo um carvalho por onde decididamente cresce a hera. Há uma pereira-brava, das que dá peras de capote, rijas que nem cornos e amargas — estas, outros tê-las-ão doces, à custa de as tratarem; há um castanheiro que deve ter a idade do Matusalém e mais carvalhos e mais castanheiros, tílias, limoeiros e........

© Expresso


Get it on Google Play