Antes de nos despedirmos de 2023, vimos a produção de energia renovável atingir novos máximos. Entre janeiro e dezembro de 2023, o abastecimento do consumo de energia elétrica atingiu os 61% em Portugal, tendo o contributo da energia solar aumentado 43% - o volume mais alto desde 2018. Além disso, mais de 1 gigawatt (GW) de potência solar fotovoltaica foi instalado num único ano. 2023 foi, portanto, um ano histórico para Portugal no que toca ao crescimento da energia renovável, concretamente, da energia solar fotovoltaica.

A fotovoltaica vinga cada vez mais em solo nacional, refletindo o potencial para uma transição energética justa em Portugal. Em apenas quatro anos, o país registou um aumento exponencial da capacidade solar, passando de 924 megawatts (MW) em 2019, para 3713 MW em 2023, evidenciando, assim, o papel indispensável da energia solar para o cumprimento das metas estabelecidas no Acordo de Paris e no Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC) até 2030. Mas é necessário fazê-lo de uma forma sustentada e não incorrer em exageros.

Tendo em conta a aposta que Portugal tem vindo a fazer na transição energética, as perspetivas para 2024 apontam para o crescimento contínuo da produção de energia solar, o que contribuirá para um futuro net zero. E estas perspetivas nunca pareceram tão promissoras: segundo a REN, em janeiro de 2024, as energias renováveis foram responsáveis por mais de 80% do consumo de eletricidade, com a energia solar a contribuir com 4%.

As energias renováveis encontram-se numa posição crítica, alicerçada nas inovações e desenvolvimentos tecnológicos, que trazem consigo bastantes oportunidades e desafios. Em 2024, é expectável que haja um forte aumento no investimento, competitividade e desenvolvimento no setor das renováveis, em concreto no reequipamento eólico, na hibridização, na geração solar co-localizada com baterias, isto é, na junção do solar com Battery Energy Storage Systems (BESS) e nos sistemas de armazenamento autónomos (stand-alone batteries). Ainda assim, o acesso à rede elétrica, os constrangimentos que provocam a especulação sobretudo no mercado solar, as limitações nas cadeias de abastecimento causadas por fricções e conflitos geopolíticos e um ano importante de eleições a nível global, e a escassez de mão-de-obra qualificada representam os maiores desafios a considerar.

A diminuição da procura de energia proveniente de fontes fósseis até 2050, devido à eletrificação e outras medidas de eficiência energética, demonstra o potencial que 2024 tem para fomentar a mudança positiva no setor energético português. Prevê-se que o mix energético se altere consideravelmente, com um aumento das energias renováveis e uma diminuição das emissões, apoiado por incentivos eficazes e políticas regulatórias e fiscais claras que dêem tranquilidade aos investidores, sobretudo internacionais.

O final de 2023 traçou um caminho promissor para 2024, que poderá ser facilmente percorrido através da forte aposta em metas de sustentabilidade e do compromisso coletivo com fontes energéticas renováveis. O rumo que Portugal tem seguido até agora revela que estamos no percurso certo para um futuro neutro em carbono, onde o renovável reina. E tudo indica que assim continuará.

QOSHE - Luz verde para o futuro: o que nos reserva 2024? - João Schmidt
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Luz verde para o futuro: o que nos reserva 2024?

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24.04.2024

Antes de nos despedirmos de 2023, vimos a produção de energia renovável atingir novos máximos. Entre janeiro e dezembro de 2023, o abastecimento do consumo de energia elétrica atingiu os 61% em Portugal, tendo o contributo da energia solar aumentado 43% - o volume mais alto desde 2018. Além disso, mais de 1 gigawatt (GW) de potência solar fotovoltaica foi instalado num único ano. 2023 foi, portanto, um ano histórico para Portugal no que toca ao crescimento da energia renovável, concretamente, da energia solar fotovoltaica.

A fotovoltaica vinga cada vez mais em solo nacional, refletindo o potencial para uma transição energética justa em Portugal. Em apenas quatro anos, o país registou um aumento exponencial da capacidade solar, passando de 924 megawatts (MW) em 2019, para 3713 MW em 2023, evidenciando, assim,........

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