Parecia só mais um dia nas nossas vidas. Parecia. Mas aquelas cinco horas alucinantes da manhã de terça-feira, 7 de novembro, ficam para a história da política portuguesa. Começaram com as notícias de mais uma operação policial envolvendo buscas. Depois percebeu-se que estas atingiam elementos do Governo, como João Galamba (é notável como está em tudo, ou quase tudo, de tóxico neste último ano) ou Duarte Cordeiro. Percebeu-se ainda que se alargavam a ex-governantes, como o antigo ministro do Ambiente. Finalmente, apareciam empresários, autarcas e, helás, o chefe de gabinete do primeiro-ministro e ainda Diogo Lacerda Machado, colega de faculdade, amigo, padrinho de casamento de António Costa e lobista e facilitador de negócios. O círculo apertava-se. Como desabafava nessa manhã Augusto Santos Silva, não era mais um “caso e casinho” da política nacional. Pelo meio, uma ida de Costa ao Palácio de Belém. Uma visita da PGR a Marcelo. E segunda passagem do primeiro-ministro pela casa do Presidente. O desenlace chegou pelas duas da tarde. “Obviamente, apresentei a minha demissão”, atirava António Costa aos portugueses, sabendo-se da abertura de um inquérito-crime contra si, por suspeitas relacionadas com indícios de corrupção. Naquelas cinco horas terminava um ciclo de oito anos que, com maioria absoluta do PS, tudo indicava que levaria Costa a tornar-se até 2026 o mais longevo primeiro-ministro da nossa democracia, superando Cavaco Silva. Num instante, tudo mudou.
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