À medida que o dia 10 de março se aproxima, Portugal enfrenta um momento de escolhas difíceis entre visões muito distintas, avançando por um caminho de dúvidas e marcado por incertezas e algum desânimo. O cenário político mostra-se extremamente dividido, com 19 forças políticas a competir pela atenção e pelos votos da população. Cada um trazendo as suas próprias promessas e visões ideológicas, com as quais parecem apenas aumentar o descrédito sem proporcionar o desígnio tão esperado pelos portugueses.

Assistimos a uma realidade em que líderes criticados por carecerem de um propósito adequado surgem sob a análise crítica da opinião pública, levantando questões não apenas sobre competência e experiência, mas também sobre as verdadeiras intenções por trás das suas campanhas. Este ambiente de desconfiança agrava-se com os fantasmas da corrupção do passado, as acusações de fascismo e o medo de uma estagnação duradoura. Assim, encontramo-nos num momento peculiar, em que os portugueses se veem compelidos a escolher não o candidato ideal, mas o menos prejudicial.

A esperança por um futuro melhor cede lugar à estratégia de minimização de danos, que resulta das dúvidas plantada pelos últimos tempos que temos vivido.

As eleições aproximam-se e, com elas, a oportunidade de traçar um novo rumo para o país. Entre debates intensos e escassez de argumentos sólidos, entre o idealismo exagerado e a realidade pragmática, sente-se a falta de oportunidade de uma escolha esclarecida. Nunca como hoje os portugueses procuraram um candidato que se comprometa a liderar Portugal com integridade e visão de futuro.

Sob um painel de incertezas, onde a confusão ameaça suplantar a voz da razão, as eleições do próximo dia 10 de março simbolizam mais do que um mero ato de votação. Representam a esperança num despertar para a clareza, na assunção de um rumo ponderado, e a promessa de um país onde a decisão, muitas vezes árdua, reflita o compromisso firme dos portugueses com os princípios da democracia e da liberdade.

As urnas aguardam e, com elas, a escolha de um Portugal que, apesar das hesitações e dúvidas, está pronto para manifestar a sua vontade. Que esta manifestação não se apresente como um sinal de resignação, mas como a expressão determinada de uma nação que acredita na renovação e progresso.

A verdade é uma: a sociedade portuguesa, agora mais do que nunca, encontra-se num dilema ao avaliar os candidatos. Temos, por um lado, um líder carismático e com experiência governativa, mas que desiludiu com as suas promessas e atuação recente. Este carisma, embora atraente à primeira vista, deixa um sabor amargo de desilusões passadas, fazendo com que muitos ponderem se a história está destinada a repetir-se. Estamos perante a fiabilidade da esperança versus a realidade da experiência.

Por outro lado, um líder que muitos apontam não ter carisma, mas a aliança partidária que representa enche-se de promessas e ideais. Este contraste entre a personalidade do líder e a mensagem política cria um campo de tensão: será que as ações falam mais alto que as palavras, ou será o carisma uma peça fundamental na liderança eficaz? Estará em causa a capacidade de inspirar e mobilizar a sociedade, apesar do peso que os partidos carregam?

Encontramos também um líder cuja voz é alta, talvez demasiado alta, onde a razão por vezes se perde no eco das suas promessas grandiosas. O risco de um futuro ancorado em palavras vazias preocupa os portugueses, que procuram soluções tangíveis e não apenas retórica inflamada.

Ao mesmo tempo, um sonhador propõe um futuro de cariz liberal que muitos consideram utópico. Apesar de inspirador, carece ainda de fundamento na realidade pragmática e conservadora de Portugal.

No outro lado do campo, surge uma proponente de uma ideia estadista rígida, que, embora prometa ordem, parece ignorar o clamor da sociedade por soluções inovadoras e respostas às suas necessidades prementes.

Cada vez mais, observo uma realidade eleitoral que desenha um retrato de uma sociedade a tender para uma escolha pragmática, movida não pela procura de um ideal de melhoria, mas pelo desejo de evitar um agravamento da situação.

Como cidadão e empresário que tem acompanhado atentamente o panorama político e económico do nosso país, confesso que o sentimento que me invade à medida que nos aproximamos das próximas eleições legislativas é um misto de preocupação e apreensão. Esta inquietação não advém de um pessimismo infundado, mas de uma observação atenta do clima social que nos envolve.

Atualmente percebe-se que o otimismo, que outrora impulsionava a sociedade rumo a desafios e conquistas futuras, deu lugar a uma cautela quase palpável. Esta mudança de perspetiva não é meramente uma escolha individual, mas sim uma resposta coletiva à instabilidade e incerteza que têm caracterizado os últimos tempos. O sentimento predominante não é mais de um otimismo arrojado rumo a um futuro promissor, mas sim de uma precaução medida, numa tentativa de preservar o que já se tem e evitar retrocessos significativos.

Essa transformação no ânimo popular reflete uma série de fatores, desde desafios económicos a políticas que nem sempre respondem às necessidades imediatas e futuras da população. Como empresário, observo que o ambiente de negócios, embora resiliente, também é permeado por essa mesma cautela. Investimentos e inovações são calculados com um olhar ainda mais crítico, ponderando não apenas as oportunidades, mas também os riscos associados a um cenário político e económico volátil.

Neste contexto, as próximas eleições legislativas surgem como um momento decisivo, não apenas para o espectro político, mas para o ânimo nacional. Há uma oportunidade clara para os líderes e partidos políticos de reconhecerem este sentimento predominante e, mais do que isso, de proporem soluções concretas que possam reacender a chama do otimismo e da confiança no futuro. É essencial que as propostas apresentadas sejam capazes de responder às preocupações imediatas dos cidadãos e empresários, mas também que tracem um caminho viável e inspirador para o país.

Mesmo com as várias dúvidas e incertezas sobre os candidatos a primeiro-ministro, espero que as próximas eleições sejam um ponto de viragem. Que possam ser o início de um novo capítulo onde o otimismo, a inovação e o progresso sejam não apenas possíveis, mas sim a norma. É tempo de unirmos esforços para construir um futuro que não apenas preserve o que temos, mas que também nos desafie a alcançar novos patamares.

Neste momento de reflexão sobre o nosso futuro coletivo, é crucial sublinhar a importância de cada voto. A abstenção, embora possa parecer uma resposta silenciosa de descontentamento ou desilusão, não contribui para a mudança ou melhoria que tanto anseamos. Pelo contrário, a ausência de participação apenas enfraquece a nossa voz coletiva e a capacidade de influenciar o rumo que o nosso país toma.

Portanto, faço um apelo a todos os cidadãos, independentemente das suas convicções políticas ou desilusões passadas, para que exerçam o seu direito e dever cívico de votar. É através do nosso voto que podemos expressar as nossas esperanças, escolher os nossos líderes e, acima de tudo, contribuir ativamente para a construção de um futuro que reflete os nossos valores e aspirações.

Nestas eleições, temos a oportunidade, não apenas de escolher aqueles que nos representarão, mas também de reafirmar a nossa fé na democracia e no poder que cada um de nós tem de moldar o futuro. Votar é mais do que um ato político; é um gesto de confiança na capacidade de mudança e na força do nosso compromisso comum com um futuro melhor.

Não deixemos que o pessimismo ou a indiferença nos afaste das urnas. É hora de nos levantarmos, de fazermos ouvir a nossa voz e de participarmos ativamente na definição do caminho que queremos seguir. Juntos, podemos virar a página, encarando os desafios com determinação e abrindo caminho para um futuro de prosperidade, segurança e otimismo.

No contexto atrás referido, votar torna-se também um ato de defesa, um mínimo denominador comum na esperança de que, ao menos, as coisas não piorem…

QOSHE - Nestas eleições: voto útil, ideológico, estratégico ou de exclusão… mas votar sempre e em consciência - Ricardo Costa
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Nestas eleições: voto útil, ideológico, estratégico ou de exclusão… mas votar sempre e em consciência

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28.02.2024

À medida que o dia 10 de março se aproxima, Portugal enfrenta um momento de escolhas difíceis entre visões muito distintas, avançando por um caminho de dúvidas e marcado por incertezas e algum desânimo. O cenário político mostra-se extremamente dividido, com 19 forças políticas a competir pela atenção e pelos votos da população. Cada um trazendo as suas próprias promessas e visões ideológicas, com as quais parecem apenas aumentar o descrédito sem proporcionar o desígnio tão esperado pelos portugueses.

Assistimos a uma realidade em que líderes criticados por carecerem de um propósito adequado surgem sob a análise crítica da opinião pública, levantando questões não apenas sobre competência e experiência, mas também sobre as verdadeiras intenções por trás das suas campanhas. Este ambiente de desconfiança agrava-se com os fantasmas da corrupção do passado, as acusações de fascismo e o medo de uma estagnação duradoura. Assim, encontramo-nos num momento peculiar, em que os portugueses se veem compelidos a escolher não o candidato ideal, mas o menos prejudicial.

A esperança por um futuro melhor cede lugar à estratégia de minimização de danos, que resulta das dúvidas plantada pelos últimos tempos que temos vivido.

As eleições aproximam-se e, com elas, a oportunidade de traçar um novo rumo para o país. Entre debates intensos e escassez de argumentos sólidos, entre o idealismo exagerado e a realidade pragmática, sente-se a falta de oportunidade de uma escolha esclarecida. Nunca como hoje os portugueses procuraram um candidato que se comprometa a liderar Portugal com integridade e visão de futuro.

Sob um painel de incertezas, onde a confusão ameaça suplantar a voz da razão, as eleições do próximo dia 10 de março simbolizam mais do que um mero ato de votação. Representam a esperança num despertar para a clareza, na assunção de um rumo ponderado, e a promessa de um país onde a decisão, muitas vezes árdua, reflita o compromisso firme dos portugueses com os princípios da democracia e da liberdade.

As urnas........

© Expresso


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