No desenrolar do primeiro dia da nova legislatura na Assembleia da República, um acontecimento que se previa como um marco de celebração da democracia transfigurou-se num palco onde as discrepâncias ideológicas se sobrepuseram ao cerne da prática democrática formal. Este desfecho, longe do esperado, evidencia uma realidade onde os processos, deveras institucionais e despidos de cores partidárias, são ensombrados por jogos de poder que não dignificam o espírito democrático.

A eleição do presidente da Assembleia da República, que por tradição e regimento deveria ser um acto de reconhecimento da vontade popular expressa nas urnas, converteu-se numa mostra de resistência onde prevaleceram os interesses partidários sobre os institucionais. Este impasse levanta questões sobre da maturidade do nosso sistema político-partidário e da sua capacidade de colocar o bem comum acima das divergências ideológicas.

Neste contexto, a Aliança Democrática (AD), apesar de ser o partido mais votado, encontrou-se numa posição onde a obtenção dos 116 votos necessários para a eleição do presidente da Assembleia da República se afigurou uma tarefa árdua. Uma abordagem mais cordial e colaborativa para com o Partido Socialista (PS) e o Chega poderia ter cimentado o caminho para uma resolução mais harmoniosa. Contudo, a ausência dessa iniciativa é sintomática de uma polarização que não serve os interesses do país nem respeita a vontade dos eleitores portugueses.

Assistimos, assim, a uma desconcertante dança política, onde o Chega parece empurrar o PS na direção da AD, enquanto o PS, por sua vez, procura distanciar-se da AD, aproximando-a do Chega. Este jogo de forças revela uma dissonância com o mandato conferido pelos portugueses, que não votaram por um impasse, mas sim por consensos que conduzam a uma estabilidade e progresso.

José Pedro Aguiar Branco, proposto pela AD para a presidência da Assembleia da República, é uma figura cuja idoneidade e competência para o cargo são indiscutíveis. A sua candidatura, alinhada com a prática parlamentar e a tradição democrática, evidencia a necessidade de se respeitar os resultados eleitorais e as normas que regem a nossa democracia.

Ademais, o regimento da Assembleia da República, ao estipular que os quatro maiores partidos com assento parlamentar designam os vice-presidentes da instituição, sublinha o princípio de proporcionalidade e representatividade que deve orientar a nomeação dos cargos de liderança parlamentar, incluindo o do seu presidente.

O episódio que hoje se desenrolou na Assembleia da República constitui, por tudo isto, um desafio à essência da democracia portuguesa. Reflete a urgente necessidade de uma reflexão profunda sobre como os nossos representantes políticos interpretam e agem em conformidade com os mandatos confiados pelo povo. É crucial que se restabeleça o respeito pelos princípios democráticos, que os partidos políticos elevem o diálogo e a colaboração acima das querelas ideológicas, garantindo assim o bom funcionamento das instituições e o respeito pela vontade expressa pelos portugueses.

A superação deste impasse não é apenas uma questão de cumprimento de formalidades; é um imperativo democrático que exige um compromisso renovado com os valores da transparência, do respeito mútuo e do primado do interesse nacional. É hora de os partidos políticos em Portugal demonstrarem que estão à altura deste compromisso.

Um dia longo demais, de que os portugueses não precisavam!

No desenrolar do primeiro dia da nova legislatura na Assembleia da República, um acontecimento que se previa como um marco de celebração da democracia transfigurou-se num palco onde as discrepâncias ideológicas se sobrepuseram ao cerne da prática democrática formal. Este desfecho, longe do esperado, evidencia uma realidade onde os processos, deveras institucionais e despidos de cores partidárias, são ensombrados por jogos de poder que não dignificam o espírito democrático.

A eleição do presidente da Assembleia da República, que por tradição e regimento deveria ser um acto de reconhecimento da vontade popular expressa nas urnas, converteu-se numa mostra de resistência onde prevaleceram os interesses partidários sobre os institucionais. Este impasse levanta questões sobre da maturidade do nosso sistema político-partidário e da sua capacidade de colocar o bem comum acima das divergências ideológicas.

Neste contexto, a Aliança Democrática (AD), apesar de ser o partido mais votado, encontrou-se numa posição onde a obtenção dos 116 votos necessários para a eleição do presidente da Assembleia da República se afigurou uma tarefa árdua. Uma abordagem mais cordial e colaborativa para com o Partido Socialista (PS) e o Chega poderia ter cimentado o caminho para uma resolução mais harmoniosa. Contudo, a ausência dessa iniciativa é sintomática de uma polarização que não serve os interesses do país nem respeita a vontade dos eleitores portugueses.

Assistimos, assim, a uma desconcertante dança política, onde o Chega parece empurrar o PS na direção da AD, enquanto o PS, por sua vez, procura distanciar-se da AD, aproximando-a do Chega. Este jogo de forças revela uma dissonância com o mandato conferido pelos portugueses, que não votaram por um impasse, mas sim por consensos que conduzam a uma estabilidade e progresso.

José Pedro Aguiar Branco, proposto pela AD para a presidência da Assembleia da República, é uma figura cuja idoneidade e competência para o cargo são indiscutíveis. A sua candidatura, alinhada com a prática parlamentar e a tradição democrática, evidencia a necessidade de se respeitar os resultados eleitorais e as normas que regem a nossa democracia.

Ademais, o regimento da Assembleia da República, ao estipular que os quatro maiores partidos com assento parlamentar designam os vice-presidentes da instituição, sublinha o princípio de proporcionalidade e representatividade que deve orientar a nomeação dos cargos de liderança parlamentar, incluindo o do seu presidente.

O episódio que ontem se desenrolou na Assembleia da República constitui, por tudo isto, um desafio à essência da democracia portuguesa. Reflete a urgente necessidade de uma reflexão profunda sobre como os nossos representantes políticos interpretam e agem em conformidade com os mandatos confiados pelo povo. É crucial que se restabeleça o respeito pelos princípios democráticos, que os partidos políticos elevem o diálogo e a colaboração acima das querelas ideológicas, garantindo assim o bom funcionamento das instituições e o respeito pela vontade expressa pelos portugueses.

A superação deste impasse não é apenas uma questão de cumprimento de formalidades; é um imperativo democrático que exige um compromisso renovado com os valores da transparência, do respeito mútuo e do primado do interesse nacional. É hora de os partidos políticos em Portugal demonstrarem que estão à altura deste compromisso.

QOSHE - Um dia longo demais, de que os portugueses não precisavam - Ricardo Costa
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Um dia longo demais, de que os portugueses não precisavam

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27.03.2024

No desenrolar do primeiro dia da nova legislatura na Assembleia da República, um acontecimento que se previa como um marco de celebração da democracia transfigurou-se num palco onde as discrepâncias ideológicas se sobrepuseram ao cerne da prática democrática formal. Este desfecho, longe do esperado, evidencia uma realidade onde os processos, deveras institucionais e despidos de cores partidárias, são ensombrados por jogos de poder que não dignificam o espírito democrático.

A eleição do presidente da Assembleia da República, que por tradição e regimento deveria ser um acto de reconhecimento da vontade popular expressa nas urnas, converteu-se numa mostra de resistência onde prevaleceram os interesses partidários sobre os institucionais. Este impasse levanta questões sobre da maturidade do nosso sistema político-partidário e da sua capacidade de colocar o bem comum acima das divergências ideológicas.

Neste contexto, a Aliança Democrática (AD), apesar de ser o partido mais votado, encontrou-se numa posição onde a obtenção dos 116 votos necessários para a eleição do presidente da Assembleia da República se afigurou uma tarefa árdua. Uma abordagem mais cordial e colaborativa para com o Partido Socialista (PS) e o Chega poderia ter cimentado o caminho para uma resolução mais harmoniosa. Contudo, a ausência dessa iniciativa é sintomática de uma polarização que não serve os interesses do país nem respeita a vontade dos eleitores portugueses.

Assistimos, assim, a uma desconcertante dança política, onde o Chega parece empurrar o PS na direção da AD, enquanto o PS, por sua vez, procura distanciar-se da AD, aproximando-a do Chega. Este jogo de forças revela uma dissonância com o mandato conferido........

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