Desculpem os “Nelsons”, da nossa terra, mas esta tempestade “Nelson” que, por cá passou nesta semana de Páscoa, para além do rasto de destruição, estragou as férias a muitas pessoas.

Foi tão engraçado que, nestas férias, o ponto de encontro com os amigos e os conhecidos, não foi na praia, mas sim no supermercado onde, todos apareciam com enormes carrinhos de compras, para aguentarem mais um dia de “nelson”.

Quando me perguntavam, foste ao Porto Santo, quase que me apetecia responder, não, fui ao supermercado.

Quanto ao desporto, apesar de alguns desafiarem o tempo e irem praticar algumas atividades ao ar livre, eu ainda tentei o ténis, mas teimosamente o “nelson” ganhava-me sempre, com bolas desviadas, por cada “rabanada” de vento que, deixava-me a olhar para a raquete a tentar perceber onde tinha passado a bola. Safaram-se os joguinhos de bilhar, onde o desviar das bolas, ficava a dever-se, não ao “nelson”, mas sim à falta de jeito de alguns jogadores, contudo, não apanhávamos vento nem chuva.

Ah, verdade, deu também para umas corridinhas até à Calheta, onde pelo caminho, a dificuldade enfrentada, não permitia esquecer, nem esconder, o almoço e o respetivo acompanhamento.

Houve um dia, creio que na quinta-feira que, achei que o “Nelson” tinha entrado pela minha televisão, pois só via fotografias com rostos de pessoas a voar entre os vários cantos do ecrã, depois percebi que toda aquela turbulência informativa, era a apresentação dos novos ministros do país.

Em todos os canais, foram tantas horas a fio de conversas intermináveis desses iluminados dos comentários, que tudo sabem sobre todos, que reescrevem o passado e já contam o futuro, que já se ofendem uns aos outros para demonstrar a sua sublime sabedoria sobre o tema que, confesso, lembrei-me com saudade do Ben-Hur, filme que venceu um recorde de onze Oscars e que, era tradicionalmente transmitido na semana da páscoa, que ocupava a nossa atenção (na segunda vez e seguintes, já era mais a paciência), por mais de três horas, mas que dava, para além do excelente enredo, para ver mais de duzentos camelos, 2,5 mil cavalos e dez mil figurantes, que foram usados durante as filmagens.

Pela minha parte, aproveito aqui para marcar a minha esperança e porque não dizê-lo, a minha “exigência”, de que a nova ministra da justiça, Advogada de formação e profissão, tenha a sensibilidade necessária para resolver os problemas que a justiça padece, entre eles, que assuma a alteração ao recém (mal) alterado Estatuto da Ordem dos Advogados, revendo matérias como o acto próprio do Advogado, o tempo do estágio, os órgãos alheios à Ordem e que lhe foram impostos neste novo estatuto, ou ainda resolva o problema dos funcionários judiciais, numa justa luta que vêm travando pelos seus direitos, que olhe para a necessária melhoria das condições materiais dos tribunais, que reveja a tabela de remuneração do apoio judiciário (não revista há vinte anos), que altere a lei do acesso ao direito, permitindo que todos tenham acesso à justiça - como diz o outro, acreditar não custa.

A propósito, no supermercado, encontrei aquele meu cliente (do se fosse comigo), a quem lamentava o facto do mau tempo não nos permitir ir à praia, onde apanhamos vento, mas podemos dar uns mergulhos, sentir a areia na face e ficarmos bronzeados.

Para minha estranheza, respondeu-me o homem: Senhor doutor, para mim, por culpa deste “Nelson”, foi almoço seguido de jantar na casa dos meus amigos, com alguns excessos à mistura que, causaram-me igual resultado ao de ir à praia, olhe que na quinta-feira Santa, não sei se foi castigo, mas quando ia a sair da casa de um deles, depois do jantar bem regado, já com vento na cabeça, dei um mergulho e acabei com a face cheia de areia e na verdade, fiquei bronzeado, bem vermelho, da pancada que dei – apontando para o hematoma na face.

Sem conter o sorriso, lá lhe disse: meu amigo, se fosse comigo, da próxima vez, com “nelson” ou sem “nelson”, ia mesmo era à praia.

QOSHE - A culpa é do “Nelson” - Artur Jorge Baptista
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A culpa é do “Nelson”

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03.04.2024

Desculpem os “Nelsons”, da nossa terra, mas esta tempestade “Nelson” que, por cá passou nesta semana de Páscoa, para além do rasto de destruição, estragou as férias a muitas pessoas.

Foi tão engraçado que, nestas férias, o ponto de encontro com os amigos e os conhecidos, não foi na praia, mas sim no supermercado onde, todos apareciam com enormes carrinhos de compras, para aguentarem mais um dia de “nelson”.

Quando me perguntavam, foste ao Porto Santo, quase que me apetecia responder, não, fui ao supermercado.

Quanto ao desporto, apesar de alguns desafiarem o tempo e irem praticar algumas atividades ao ar livre, eu ainda tentei o ténis, mas teimosamente o “nelson” ganhava-me sempre, com bolas desviadas, por cada “rabanada” de vento que, deixava-me a olhar para a raquete a tentar perceber onde tinha passado a bola. Safaram-se os joguinhos de bilhar, onde o desviar das bolas, ficava a dever-se, não ao “nelson”, mas sim à falta de jeito de alguns jogadores, contudo, não........

© JM Madeira


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