Feito o caminho para chegar à liderança do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos procura agora um Portugal inteiro para ganhar. E tem várias frentes nada fáceis que, até 10 de março, se podem virar contra si. Na noite da vitória, o outrora “enfant terrible” assumiu logo ao que vinha: uma divisão das águas entre a esquerda e a direita nos pressupostos da defesa do emprego, dos salários e das empresas públicas, ou seja na defesa do Estado (ainda) mais social. Quem deveria estar preocupado com este estilo de discurso são os seus antigos parceiros da “geringonça”, em que Pedro Nuno Santos aparece a seduzir o seu eleitorado e que, com o possível crescimento do Chega, o voto útil poderá ter aqui um significado extra. Veremos qual a estratégia do PCP e do Bloco de Esquerda, entalados entre um Pedro Nuno Santos que caiu na graça dos seus e uma direita mais extrema a ganhar terreno, até no seu espaço de domínio, como é o caso do Chega em alguns territórios do Alentejo.

Mas Pedro Nuno Santos, para ganhar as eleições legislativas, terá de se virar para o centrão, porque historicamente foi aí que todos saíram vitoriosos. Daí ter entrado ontem em cena o atual primeiro-ministro. O apoio de António Costa é fundamental para que o então polémico ministro chegue às franjas mais moderadas, apesar do passado dos dois não ser um mar de rosas. Todos se lembram da desautorização feita por Costa à decisão de Pedro Nuno sobre o novo aeroporto de Lisboa e, mais tarde, a polémica indemnização à ex-secretária de Estado Alexandra Reis pela sua saída como administradora da TAP.

António Costa disse ontem que não está aqui para “assombrar ninguém”. Na verdade, estará. Dependerá de quão rápida a Justiça fará o seu trabalho em relação às suspeitas que o Ministério Público impendeu sobre o primeiro-ministro na Operação Influencer. E isso ajudará, ou não, Pedro Nuno Santos a ter um bom resultado eleitoral.

QOSHE - Assombrar q.b. - António José Gouveia
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Assombrar q.b.

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18.12.2023

Feito o caminho para chegar à liderança do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos procura agora um Portugal inteiro para ganhar. E tem várias frentes nada fáceis que, até 10 de março, se podem virar contra si. Na noite da vitória, o outrora “enfant terrible” assumiu logo ao que vinha: uma divisão das águas entre a esquerda e a direita nos pressupostos da defesa do emprego, dos salários e das empresas públicas, ou seja na defesa do Estado (ainda) mais social. Quem deveria estar........

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