E se o TikTok passasse a ser proibido em Portugal? Sim, é possível, se a União Europeia seguir os passos dos Estados Unidos, que consideram a rede social uma ameaça à segurança nacional. E não está longe de acontecer, até porque a Comissão Europeia abriu uma investigação sobre a empresa, mas neste caso por questões de gestão publicitária e proteção de menores. Contudo, o argumento da segurança estratégica desafia todas as democracias ocidentais, que veem a China como um país superespião através das empresas controladas pelo Partido Comunista Chinês. Já se sabe que existe uma rivalidade global entre os Estados Unidos e a China, mas esta particularidade deverá chegar também a Bruxelas, pelo menos para debater a relação entre liberdade e segurança. Depois de a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos ter aprovado uma lei que exige à ByteDance, a empresa chinesa proprietária da rede social, a sua venda num prazo de seis meses, sob pena de ser banida, a situação tornou-se real. A lei tem ainda de ir ao Senado para ser efetiva, mas o presidente, Joe Biden, já foi adiantando que, se for aprovada, não a vetará. O mais certo é que o TikTok deixe de existir no território americano.

Em apenas sete anos, o TikTok cresceu exponencialmente para atingir mil milhões de utilizadores em todo o Mundo, dos quais 113 milhões nos Estados Unidos. Num país onde o mercado dita as leis, é anacrónico que agora surja um movimento protecionista agressivo por parte de Washington, utilizando para isso o argumento das conexões entre a ByteDance e o Governo de Pequim. De facto, a empresa tem na sua administração gestores do Governo chinês, obrigatório por lei, e opera sob os princípios do regime. Pelo que é preocupante que os dados de controlo de um terço da população dos Estados Unidos, desde nomes, números de telefone, localização, cartões de crédito, etc., sejam acessíveis ao Partido Comunista Chinês. A medida tomada pelos Estados Unidos tem um precedente na Índia, que em 2020 proibiu o TikTok da noite para o dia para os seus 200 milhões de utilizadores, invocando também razões de segurança nacional. Seguirá a Europa o mesmo caminho?