É chegada a hora de governar e também o momento das opções estratégicas para o país. As promessas da campanha vão ser agora cobradas pelas corporações que pretendem ver satisfeitas as suas reivindicações. E as pessoas, as do voto do protesto, sem voz?

Terá de acontecer com os professores e, depois, com as forças de segurança a reposição de tempo ou a concessão de benefícios. Tudo isto porque os sucessivos governos empurraram com a barriga a questão dos baixos salários e da ausência de competitividade da nossa economia.

Será muito importante entender algo que, incompreensivelmente, esteve ausente da última campanha eleitoral. O Mundo está a mudar e o cenário que estamos a viver evidencia já uma situação de pré-guerra.

As nossas opções orçamentais não são elásticas e o próprio governador do Bando de Portugal, o insuspeito Mário Centeno, já alertou para essa tentação de gastar o tal excedente.

Certo é que precisamos de fazer alguma coisa para nos prepararmos para os próximos tempos. Esse preparar implica uma economia mais dinâmica e menos dependente do Estado. Uma economia que ajude ao desenvolvimento do país e permita mudar para uma dinâmica fiscal progressiva, equitativa e equilibrada.

O momento agora vai implicar muita coragem e não ser só politicamente correto.

A gestão orçamental tem de se pautar pelo rigor e não fazer aquilo que o PS não soube ou não quis fazer enquanto foi Governo.

O novo Executivo vai enfrentar uma “economia de guerra” com as cautelas que tal vai implicar no orçamento da defesa, obrigando a um grande esforço de todos os países da NATO.

A perspetiva de exercer o poder obriga o Chega a sofrer as crises de crescimento, que são inerentes aos restantes partidos, seja em contradições assumidas, seja em falsas promessas.

Uma questão agora está em cima da mesa: assegurar a governabilidade e permitir ao PSD governar com uma Oposição fragmentada.

A estratégia desenvolvida pelo PS de alimentar o crescimento do Chega vai permitir, a exemplo de França, que um dos dois partidos do sistema político seja esvaziado pelo crescimento da extrema-direita. A única maneira de o evitar será saber governar não esquecendo o tal voto de protesto que é muito mais do que um voto de mudança.

O PS irá procurar já nas eleições europeias tentar, de novo, ganhar protagonismo. O PSD terá de compreender que o quadro político-parlamentar já não é o tradicional. A primeira eleição para presidente da Assembleia da República veio mostrar que não vale a pena confiar muito no Chega.

Acabou, pois, o tempo da campanha e começou o tempo da realidade política.

QOSHE - E depois da campanha? - António Tavares
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E depois da campanha?

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28.03.2024

É chegada a hora de governar e também o momento das opções estratégicas para o país. As promessas da campanha vão ser agora cobradas pelas corporações que pretendem ver satisfeitas as suas reivindicações. E as pessoas, as do voto do protesto, sem voz?

Terá de acontecer com os professores e, depois, com as forças de segurança a reposição de tempo ou a concessão de benefícios. Tudo isto porque os sucessivos governos empurraram com a barriga a questão dos baixos salários e da ausência de competitividade da nossa economia.

Será muito importante entender algo que, incompreensivelmente, esteve ausente da última campanha eleitoral. O Mundo está a........

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