Estamos a correr num tempo de velocidade alucinante para a participação política. Apanhada na viragem para as redes sociais e na pressão da comunicação social, a política está a perder o seu singular tempo. Não existe muito tempo para mais reflexão no modo de fazer política. Os agentes políticos dizem, no mesmo dia, a mesma coisa e o seu contrário. Abrem, dessa forma, espaço às forças populistas quando prometem tudo e mais alguma coisa.

O país está praticamente em eleições em todas as áreas da sua governação. Seja no país ou nas regiões autónomas, começamos a compreender que são necessárias maiorias parlamentares coerentes e estáveis. Seja uma maioria de Direita ou de Esquerda. Não sabemos a influência das eleições dos Açores e do que aconteceu na Madeira na formação, para o dia 10 de março, da vontade eleitoral dos portugueses. Não temos dúvidas que a sua influência será decisiva, apesar de as sondagens indiciarem um cenário muito complexo para o dia seguinte: uma vitória do PS com uma maioria de Direita.

Acontece que aqui os vários atores políticos vão ter de assumir o seu compromisso com Portugal. A ideia será tentar saber encontrar a força política capaz de levar o nosso país a um momento de uma estabilidade de legislatura num tempo internacional complicado. A Direita estará em melhores condições para realizar esta ideia e só o Chega parece baralhar esta possibilidade?

Para isso, será decisivo que os partidos políticos digam ao que vêm nos próximos tempos e deixarem as suas propostas eleitorais de uma forma clara à escolha dos portugueses.

Sabemos que os próximos tempos serão mais complexos. A política internacional terá, provavelmente, uma grande influência nas políticas nacionais. As eleições europeias e, lá para novembro, as presidenciais americanas irão condicionar ainda mais essa nova ordem mundial.

No seio das democracias, o problema da desinformação será muito relevante para a consolidação das instituições. Se o século XIX foi o século do poder legislativo, se o século XX foi o século do poder executivo, tudo indica que o século XXI será o século do poder judicial e isso será algo que terá de assentar num modelo de separação de poderes ainda mais equilibrado. O modelo de pesos e contrapesos da nossa Constituição exige esse recato e cuidado.

O tempo da política tem de voltar, num momento em que fazemos 50 anos do 25 de Abril, para permitir a consolidação do nosso sistema democrático, porque precisamos, nesse discurso, de menos ruído, de mais verdade e de muita reflexão.

QOSHE - O tempo da política - António Tavares
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O tempo da política

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01.02.2024

Estamos a correr num tempo de velocidade alucinante para a participação política. Apanhada na viragem para as redes sociais e na pressão da comunicação social, a política está a perder o seu singular tempo. Não existe muito tempo para mais reflexão no modo de fazer política. Os agentes políticos dizem, no mesmo dia, a mesma coisa e o seu contrário. Abrem, dessa forma, espaço às forças populistas quando prometem tudo e mais alguma coisa.

O país está praticamente em eleições em todas as áreas da sua governação. Seja no país ou nas regiões autónomas, começamos a compreender que são necessárias maiorias parlamentares........

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