Os jovens, genericamente, não se interessam pela política. E isso nota-se na indiferença que manifestam por iniciativas dessa natureza e, pior, nos elevados índices de abstenção em cada escrutínio eleitoral. Esta realidade deveria preocupar (muito) os partidos políticos.

Em tempo de elaboração de listas eleitorais, as organizações partidárias não revelam grande interesse em atrair pessoas novas para si, embora o discurso público seja precisamente o inverso disso. Os poucos lugares elegíveis em cada círculo provocam verdadeiras lutas fratricidas nas estruturas concelhias e distritais, que, apesar de bem conhecidas dentro de portas, raramente chegam ao espaço público em forma de notícia. Num ou outro lugar, integram-se novos nomes para dar a ideia de uma certa renovação, mesmo sabendo que pouco se altera naquilo que constitui a organização de um partido a dado momento. Esta lógica é transversal a todas as forças e dificulta a entrada de pessoas novas, sobretudo dos mais jovens.

Para quem não está filiado numa juventude partidária, a participação ativa em iniciativas políticas é difícil. E não deveria ser assim. Os partidos ganhariam muito em serem lugares abertos, uma espécie de ágora, sempre pronta a acolher diferentes pessoas e temas. Isso seria uma estratégia eficaz de renovação da política. Por outro lado, poder-se-ia atrair perfis de jovens com gosto por determinados assuntos de interesse geral, mas sem motivação para uma militância permanente. Teriam participações pontuais, sem estarem comprometidos com determinado partido.

Numa altura em que todos os partidos preparam a sua campanha eleitoral, que bom seria se, de uma vez por todas, houvesse coragem para extinguir a pesada caravana que circula pelo país real apenas com o objetivo de criar uma noticiabilidade à volta do respetivo líder e se criasse um circuito destinado a escutar efetivamente aquilo que as pessoas querem dizer a quem governa(rá) o país. A par do programa eleitoral que tem para apresentar, um partido poderia abrir espaço para acolher aquilo que os eleitores gostariam de propor. E isso poderia ser feito em círculos de debate, segmentados por idade ou tema ou transversais na participação de distintas gerações e na integração de diferentes assuntos.

Num momento político particularmente agreste, ganhará quem se revelar mais capaz de se assumir como alternativa credível no programa que apresenta, consistente nas propostas que fizer e aberta à participação efetiva de quem quer construir futuro. Independentemente de ideologias que cada um de nós defende, são esses políticos que hoje (nos) fazem falta.

QOSHE - Como atrair os jovens para a política? - Felisbela Lopes
menu_open
Columnists Actual . Favourites . Archive
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close
Aa Aa Aa
- A +

Como atrair os jovens para a política?

6 1
19.01.2024

Os jovens, genericamente, não se interessam pela política. E isso nota-se na indiferença que manifestam por iniciativas dessa natureza e, pior, nos elevados índices de abstenção em cada escrutínio eleitoral. Esta realidade deveria preocupar (muito) os partidos políticos.

Em tempo de elaboração de listas eleitorais, as organizações partidárias não revelam grande interesse em atrair pessoas novas para si, embora o discurso público seja precisamente o inverso disso. Os poucos lugares elegíveis em cada círculo provocam verdadeiras lutas fratricidas nas estruturas concelhias e distritais, que, apesar de bem conhecidas dentro de portas, raramente........

© Jornal de Notícias


Get it on Google Play