A menos de seis meses da abertura dos Jogos Olímpicos, a organização procura ir ultrapassando dificuldades de vária ordem. Que se acumulam. Estará Paris preparada para este grande evento desportivo?

É enorme a expectativa em torno destes JO. Com um início simbólico marcado para as 20h24 de 26 de julho de 2024, a cerimónia de abertura far-se-á sobre o rio Sena. Reiteradamente, as forças policiais foram chamando a atenção para os riscos que tal proeza comportaria, mas ninguém alterou a ideia pioneira de iniciar este evento a céu aberto, em pleno coração de uma cidade, e isso marcará indelevelmente esta edição. É claro que são colossais as preocupações com a segurança. Ontem, a revista “L’Express” garantia que nem mesmo as empresas privadas têm capacidade para responder com eficácia às exigências de tal operação, faltando por esta altura cerca de 20 mil seguranças. Essa limitação regista-se depois de um intenso período de recrutamento que levou à formação de mais de 30 mil pessoas num processo muito criticado pela falta de rigor.

Outro problema situa-se nos transportes. Diariamente, haverá 12 milhões de passageiros em movimento. Sabe-se agora que boa parte das infraestruturas inseridas na candidatura não saíram do papel e a isso somam-se processos de reformas, falta de renovação de quadros, absentismo e greves dos motoristas dos diferentes transportes públicos.

No entanto, por estes dias, a questão mais sensível é política e prende-se com a participação dos atletas russos nas provas. O Comité Olímpico Internacional pronunciou-se a favor da participação dos atletas russo e bielorrussos, mas sob uma bandeira neutra e só depois de o respetivo CV ser escrupulosamente monitorizado: atletas que tenham apoiado a guerra serão vetados. A presidente da Câmara de Paris já considerou essa participação impensável. No entanto, a última palavra será das federações internacionais. A poderosa Federação Internacional de Atletismo já baniu os russos e os bielorrussos das eliminatórias, mas a Federação Internacional de Luta ou a Federação Internacional de Judo, cujos presidentes sempre manifestaram simpatia por Putin, têm uma posição diferente.

Também sensível têm sido as avultadas derrapagens de custos. O centro aquático olímpico, que albergará uma piscina olímpica, em vez de custar os 67,8 milhões previstos na candidatura, viu os seus custos galoparem para 174 milhões de euros, tendo havido vários ajustamentos que diminuíram a capacidade desta infraestrutura. É apenas um exemplo...

Daqui até julho, há ainda tempo para neutralizar parte destas contrariedades. E fazer de Paris uma arena inesquecível para o maior dos eventos desportivos a nível mundial.

QOSHE - Contrariedades à volta dos Jogos Olímpicos de Paris - Felisbela Lopes
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Contrariedades à volta dos Jogos Olímpicos de Paris

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05.01.2024

A menos de seis meses da abertura dos Jogos Olímpicos, a organização procura ir ultrapassando dificuldades de vária ordem. Que se acumulam. Estará Paris preparada para este grande evento desportivo?

É enorme a expectativa em torno destes JO. Com um início simbólico marcado para as 20h24 de 26 de julho de 2024, a cerimónia de abertura far-se-á sobre o rio Sena. Reiteradamente, as forças policiais foram chamando a atenção para os riscos que tal proeza comportaria, mas ninguém alterou a ideia pioneira de iniciar este evento a céu aberto, em pleno coração de uma cidade, e isso marcará indelevelmente esta edição. É claro que são colossais as preocupações com a........

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