Os portugueses votaram. E, tal como “pedi” na última crónica, aceitaram mudar de vida. Na “lógica” imposta pelo dr. António Costa, em 2015 - como, aliás, o secretário-geral do PS reconheceu fundamentadamente na intervenção que realizou na noite do dia 10 -, o Parlamento mudou radicalmente de maioria. Lá onde se sentavam mais de 116 deputados das esquerdas, e uma maioria absoluta deles exclusivamente do PS, passou a sentar-se outra maioria, diversa, para não dizer oposta, à que nos pastoreou nestes últimos oito anos. Como sempre escrevi, trata-se de uma mudança que também deve ter um sentido cultural porque a Direita não deve recear o termo “cultura”, nem tão-pouco ter jamais a pretensão de ser dono dela como fazem descaradamente as esquerdas. O Governo que vai ser formado a partir desta semana tem, pois, todas as condições para nunca ser pior do que aquele que o antecedeu. Afinal, sempre se tratava de um Governo maioritário, de partido único, que o seu chefe decidiu desbaratar, desculpando-se numa frase de outra instituição da República. Ou seja, nada de nada, mesmo os barulhos que andam para aí a emitir há oito dias, impede que o Governo minoritário de Montenegro venha a ser bem melhor Governo do que aquela trapalhada organizada a fechar portas. A tranquilidade de espírito, pessoal e política, do próximo primeiro-ministro é o penhor mais seguro disso. O resto é política, e da dura, evidentemente. E fazer as coisas certas que a nação reclamou com o seu voto, um misto de ponderada mudança com revolta silenciosa. Se o socialismo perdeu em toda a linha, temos de ser consequentes em superar expectativas e em não deixar ninguém para trás. O PSD passou a ser o partido central, no sentido “geopolítico” e não de “bloco central”, da vida pública. E se ele, como confio, tem plena noção dessa responsabilidade - que o constitui na obrigação moral e política de falar com todos, e a todos, para depois decidir -, é indispensável que os outros não alienem a deles, seja sob que forma for, em estrito respeito pelo mandato que lhes confiaram. Com o regime cada vez mais “parlamentarizado”, é impossível a alguns pensar em “revolução permanente”, nomeadamente ao terceiro partido parlamentar que já integra, em direitos e deveres democráticos, o “sistema”, como, aliás, sempre defendi sem problemas de daltonismo político enviesado. Sigamos em frente.

*O autor escreve segundo a antiga ortografia

QOSHE - Sigamos em frente - João Gonçalves
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18.03.2024

Os portugueses votaram. E, tal como “pedi” na última crónica, aceitaram mudar de vida. Na “lógica” imposta pelo dr. António Costa, em 2015 - como, aliás, o secretário-geral do PS reconheceu fundamentadamente na intervenção que realizou na noite do dia 10 -, o Parlamento mudou radicalmente de maioria. Lá onde se sentavam mais de 116 deputados das esquerdas, e uma maioria absoluta deles exclusivamente do PS, passou a sentar-se outra maioria, diversa, para não dizer oposta, à que nos pastoreou nestes últimos oito anos. Como sempre escrevi, trata-se de uma mudança que também deve ter um sentido cultural........

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