Nesta altura “do campeonato”, o mais natural, com eleições gerais a um mês de vista, era o partido mais robusto da oposição, ou o conjunto de partidos e independentes liderados pelo PSD, estar bem à frente nas intenções de voto reveladas pelas sondagens, valham elas o que valer. Arrisco mesmo a escrever que o PSD/AD tinha a obrigação política e moral de andar bem destacado do PS nesses “estudos”. Sucede que não é assim que as coisas se passam. A AD arrasta-se na mediania eleitoral intencional, umas vezes acompanhando o PS - este longe dos valores dos dois últimos actos eleitorais -, outras, raras, superando-o ligeiramente, e ainda umas outras com o PS à frente. O discurso timorato, as listas e o ambiente comunicacional também não ajudam, é certo.

Precisa notar-se, como se fosse preciso, que este é um país totalmente sequestrado pelo Partido Socialista. Está no Governo de gestão, que funciona como lubrificante “institucional” do partido. Está no Estado central e periférico.

Está no sistema comunicacional em que a Direita faz, por sua vez, de lubrificante dos corifeus do PS, salvo curtas e honrosas excepções. Está na cultura. Está na sociedade cobarde e timorata. Está, até, no espírito da nação, como me recordou há dias um amigo. Sim, até espiritualmente Portugal encontra-se sequestrado pelo PS que o contaminou com a sua amoralidade intrínseca. Pedro Nuno Santos é vendido, inteiro ou às postas, como mais um salvador patriótico, indemne e puro, quando foi um dos principais protagonistas da mediocridade geral dos oitos anos de cesarismo “costista”. Parafraseando Vasco Graça Moura, o país parece preferir ao sentimento saudável nacional, aqui de remoção inequívoca do PS dos centros de decisão, o culto idiota de um mandarim forjado na “juventude” partidária, a rebentar de maus vícios e de ranço típicos de meio século disto (vide o pormenor das ajudas de custo e do jogo com moradas de residência). A este panorama desgraçado, o PSD/AD responde, por exemplo, com o que vai fazer ou deixar de fazer com o Chega. Custa assim tanto à Direita “tradicional” evitar falar do Chega com o discurso da Esquerda? É difícil afirmar o respeito pelo eleitorado que tenciona manter o Chega como terceiro partido nacional, e, porventura, reforçar a sua representação parlamentar? Esse eleitorado votará para que o Chega emita barulhos ou para que o Chega assuma responsabilidades? A AD que sustente a sua ambição de mudança perante as pessoas, e o eleitorado com certeza fará a sua parte. Isto é, libertar o país do sequestro do PS.

QOSHE - Um país sequestrado - João Gonçalves
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Um país sequestrado

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05.02.2024

Nesta altura “do campeonato”, o mais natural, com eleições gerais a um mês de vista, era o partido mais robusto da oposição, ou o conjunto de partidos e independentes liderados pelo PSD, estar bem à frente nas intenções de voto reveladas pelas sondagens, valham elas o que valer. Arrisco mesmo a escrever que o PSD/AD tinha a obrigação política e moral de andar bem destacado do PS nesses “estudos”. Sucede que não é assim que as coisas se passam. A AD arrasta-se na mediania eleitoral intencional, umas vezes acompanhando o PS - este longe dos valores dos dois últimos actos eleitorais -, outras, raras, superando-o ligeiramente, e........

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