No instante em que o jogador angolano Mabululu prepara a cobrança do penálti, fecho os meus olhos. Estou a assistir ao jogo da Argélia com Angola, da Taça Africana das Nações.

Mas o que acontece no estádio da Paz de Bouaké, na Costa do Marfim, é mais do que um jogo de futebol ou uma disputa desportiva, é um reflexo da vida nas suas cores mais vibrantes. Entre o silêncio tenso e o possível estrondo de celebração, vivo um turbilhão de emoções.

A bola é remarcada. O destino do jogo desdobra-se, mas ainda mantenho os meus olhos fechados, saboreando a emoção que transcende o resultado. Neste momento, o que importa é a jornada emocional, a capacidade de sentir com intensidade cada segundo do jogo.

Esta crónica, escrita com os olhos do meu coração, é uma busca por redescobrir a capacidade de sentir, de se entregar ao momento. Ao levantar-me da arquibancada, levo comigo a esperança de que talvez os que estão imersos no cinzento da rotina também possam reencontrar o caminho para essa alegria essencial e descomplicada.

Nesse breve lapso de olhos fechados, redescobri algo fundamental: a vida, assim como o futebol, não deve ser apenas vivida, mas sentida em todas as suas nuances. Rir pela incerteza do que virá, chorar pela beleza de estar completamente presente.

Ao abrir os meus olhos, vejo o desenlace do penálti, mas o resultado pouco importa. O que fica é a lembrança desse instante de pura humanidade, a sensação de estar completamente vivo, completamente imerso na essência do que nos faz humanos.

A partida termina e deixo as arquibancadas de Bouaké, mas levo comigo um pedaço dessa alegria indomável, desse espírito livre que encontramos no futebol e na vida.

Lembro os olhos do guarda-redes no momento do penálti. Era pura alegria o que lá morava.

QOSHE - A alegria do guarda-redes no momento do penálti - José Manuel Diogo
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A alegria do guarda-redes no momento do penálti

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18.01.2024

No instante em que o jogador angolano Mabululu prepara a cobrança do penálti, fecho os meus olhos. Estou a assistir ao jogo da Argélia com Angola, da Taça Africana das Nações.

Mas o que acontece no estádio da Paz de Bouaké, na Costa do Marfim, é mais do que um jogo de futebol ou uma disputa desportiva, é um reflexo da vida nas suas cores mais vibrantes. Entre o silêncio tenso e o possível estrondo de celebração, vivo um turbilhão de........

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