Parece ter passado despercebido ao país, mas foi, muito provavelmente, a notícia mais importante da semana. Começaram as obras da construção do último troço da Variante à Estrada Nacional 14, entre Famalicão, Trofa e Maia. A empreitada, que envolve a construção de uma nova ponte sobre o rio Ave e cuja responsabilidade é da Infraestruturas de Portugal, deverá estar concluída em agosto do próximo ano e implica um investimento de 12,5 milhões de euros, no âmbito do PRR - Plano de Recuperação e Resiliência.
Esta é a peça que faltava para vermos finalmente resolvido um problema de décadas que tantos constrangimentos tem causado a esta região e a este corredor exportador que tanto faz pelo desenvolvimento e crescimento do nosso país.
O regozijo óbvio não pode esconder os anos de frustração pela demora na resolução de um problema que impediu durante décadas o crescimento empresarial de uma das mais produtivas e empreendedoras regiões do país. O presidente do Conselho de Administração da Continental Mabor, Pedro Carreira, que fez da fábrica de Famalicão uma das mais eficientes do grupo e uma das mais exportadoras do país, chegou mesmo a mostrar-se publicamente de “paciência esgotada” pelas sucessivas promessas não cumpridas por parte da Administração Central.
Foram os municípios de Famalicão, Maia e Trofa que nunca deixaram cair o assunto no esquecimento e, independentemente das alternâncias partidárias próprias da democracia, sempre estiveram unidos na defesa e reivindicação dos interesses da região e foi esta determinação e união que fizeram sair o projeto para o terreno em 2017 e que será finalmente concluído no próximo ano.
Na altura do anúncio da primeira fase, o então ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, reconheceu publicamente que foi o resultado desta parceria que viabilizou o arranque da empreitada no âmbito do Programa de Valorização das Áreas Empresariais.
A verdade porém é que os municípios tinham o diagnóstico feito e as soluções gizadas há muito. A Administração Central, como tantas vezes tem acontecido, tardou em responder às necessidades.
Este longo processo é um bom exemplo das dificuldades que um Estado centralista tem na resposta célere às regiões e também um bom exemplo da assertividade da gestão local e do mesmo potencial ao nível regional.
Só com autonomia administrativa e financeira a este nível é que existirá uma proporcionalidade justa e direta entre o contributo que os territórios dão para a riqueza nacional e aquilo que recebem, sendo essa proporcionalidade absolutamente essencial ao desenvolvimento do país.