São máquinas que aprendem connosco. São coisas que nos podem enganar. Há quem tema pela sobrevivência da Humanidade, como é o caso de Geoffrey Hinton, considerado o “padrinho” da inteligência artificial (IA), e quem entenda que esta revolução tecnológica tem de ser encarada como uma prioridade global. Com a mesma importância de uma guerra nuclear ou de uma pandemia, defende outro dos pioneiros da IA, Yoshua Bengio.
A comunidade académica e científica partilha inovação, avanço tecnológico, mas também preocupação. Muita. Pede regulamentação. Insiste em regras, mesmo quando a Europa e os EUA começam a delinear fronteiras legais (a primeira lei só deve ter aplicação na Europa no final de 2026). Não se trata de censura. Nem de teorias dos caos. Trata-se de assuntos sérios. Que têm de ser levados a sério. Por todos, “populações e governos”, como diz Yoshua Bengio.
À porta de eleições, a IA não pode ser só vista como manipuladora, a má da fita. Tem de ser encarada como um benefício para a Humanidade, minimizando os riscos que este avanço tecnológico disruptivo pode trazer a qualquer democracia.
Em Portugal, país que, justiça seja feita, tem dado cartas na inovação tecnológica, a IA ainda não está no centro das preocupações de todos os que se candidatam a liderar o próximo governo. Folheando os vários programas eleitorais, percebemos que o tema é mais importante para uns do que para outros.
O PSD é quem dedica mais espaço ao assunto, seguido pelo PS. Nota-se que ambos estão preocupados com a fiscalização política. O Livre dedica-lhe menos atenção, mas defende a criação de uma Agência Nacional para a Inteligência Artificial. A IL fica-se por defender a privacidade na era digital. A CDU tem um capítulo para uma transição digital que respeite os direitos dos cidadãos, o PAN aposta na promoção da investigação e o Bloco passa ao lado.
As inteligências artificiais vão substituir os políticos? Talvez, mas apenas aqueles que a ignoram.