Não deixa de ser uma coincidência curiosa. A Casa da Moeda acaba de lançar a primeira moeda metálica do Mundo desenhada por inteligência artificial (IA). Tem um nome digno de apreço. Mundo Digital podem chamar-lhe.

É “um casamento entre o natural e o artificial que redefine o conceito de moeda”, explica a instituição. Uma das faces da moeda é desenhada por IA para humanos e a outra por humanos para máquinas. O reverso e o anverso indissociáveis, assim como o humano e o artificial. Inevitável.

É a rapidez desta fusão entre homens e máquinas que preocupa legisladores e cidadãos. A União Europeia chegou a acordo para concluir um processo legislativo sobre a mais disruptiva das tecnologias. O acordo é positivo, não haja dúvidas. Entre muitas outras regras, estabelece limites para o uso de sistemas de categorização de pessoas ou identificação biométrica remota em tempo real, proíbe sistemas que manipulam o comportamento humano e exige identificação das ferramentas capazes de gerar imagens, sons, textos, etc. Na essência, a UE diz querer proteger os direitos fundamentais das pessoas e os valores europeus. É suficiente? Não.

Anu Bradford, professora na Columbia Law School, disse, numa cimeira internacional sobre IA, que a realidade geopolítica não é muito propícia a uma cooperação profunda. Refere-se à inevitabilidade de a China e os EUA traçarem o seu próprio caminho na IA. Primeiro porque a realidade ideológica e científica de ambos é completamente diferente da dos europeus. Segundo porque estes dois países também disputam uma guerra tecnológica já há uns anos, como é o caso do conflito dos chips ou dos semicondutores.

As máquinas “ainda não são mais inteligentes do que nós, mas penso que em breve poderão vir a sê-lo”, disse Geoffrey Hinton, perito em IA desde 1972, que saiu da Google para poder falar sobre os perigos da tecnologia.

São as duas faces da moeda. Mas esta não é para atirar ao ar e esperar pela sorte.