Eis-nos chegados a mais uma campanha eleitoral. Na verdade, a duas. A interna do PS, que todos sabemos como vai terminar, e a das legislativas, que já está em marcha desde o anúncio da demissão de António Costa.

Vale, portanto, mais do que nunca, estarmos muito atentos ao que lemos, vemos e ouvimos. E às escolhas que fazemos. Por fim, ao que partilhamos com amigos e família. É que o momento atual é propício à difusão de meias-verdades, de mentiras, de manipulação. Foi assim com Viktor Orbán, que, por altura da pandemia, silenciou jornalistas e espalhou mentiras sobre a covid. Agora, para além de ter enfraquecido e controlado a imprensa, recorre a perfis falsos nas redes sociais para alimentar desinformação política antes das eleições europeias e autárquicas do próximo ano na Hungria.

Mas também foi assim com Donald Trump, apontado pela Universidade de Cornell como o maior promotor de desinformação sobre a covid do Mundo. O político que é associado a fake news desde a primeira campanha eleitoral para a presidência norte-americana, em 2016, e que chegou ao ridículo de inventar uma capa da revista “Time” e expô-la em empreendimentos turísticos de luxo para impressionar clientes.

A estratégia de enganar a opinião pública passou também por Jair Bolsonaro, com os resultados que todos sabemos. Para que não fique no esquecimento, o antigo presidente brasileiro montou um esquema de difusão de notícias falsas, algumas das quais identificadas em telemóveis pela Polícia Federal.

As ameaças existem. Não se escondem. Enquanto, por exemplo, Israel e os terroristas do Hamas negociavam um acordo para a libertação de reféns, um relatório do Tech Transparency Project denunciava o crescimento de narrativas antissemitas e racistas no X (antigo Twitter).

São apenas exemplos, exemplos de países com pessoas como nós. Estamos muito longe do combate às notícias falsas, porque estas não são apenas brincadeiras. Fazem parte de estratégias. E o mal não acontece só aos outros. Esperemos para ver o que acontece na Argentina e nos Países Baixos.

QOSHE - Não acontece só aos outros - Manuel Molinos
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Não acontece só aos outros

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24.11.2023

Eis-nos chegados a mais uma campanha eleitoral. Na verdade, a duas. A interna do PS, que todos sabemos como vai terminar, e a das legislativas, que já está em marcha desde o anúncio da demissão de António Costa.

Vale, portanto, mais do que nunca, estarmos muito atentos ao que lemos, vemos e ouvimos. E às escolhas que fazemos. Por fim, ao que partilhamos com amigos e família. É que o momento atual é propício à difusão de meias-verdades, de mentiras, de manipulação. Foi assim com Viktor Orbán, que, por altura........

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