Com base em quatro levantamentos estatísticos, o coordenador do centro de sondagens do ICS-ISCTE estabeleceu a relação entre a idade e a intenção de votos nas eleições de março. A conclusão a que chegou Pedro Magalhães não é surpreendente para quem frequenta ativamente o espaço digital, mas é bastante preocupante e prova que os partidos tradicionais continuam a minimizar a influência das redes sociais na comunicação política. Falta empenho, falta conhecimento, falta quase tudo, sobretudo habilidade.
Os resultados dos quatro estudos de opinião mostram que o partido de André Ventura consegue estar à frente do PS e da AD nos eleitores entre os 18 e os 23 anos. Uma tendência que também é visível nas sondagens da Aximage que o “Jornal de Notícias” tem publicado sobre as legislativas desde o ano passado. Em outubro, o Chega já estava à frente do PS e apenas a dois pontos percentuais do PSD nos eleitores entre os 18 e os 34 anos. O mesmo resultado repete-se em novembro, mas, no final de dezembro, o partido de André Ventura consegue ultrapassar socialistas e sociais-democratas nestas faixas etárias.
É evidente que o Chega está a penetrar facilmente no eleitorado mais jovem. É o mesmo que dizer que o partido está a dominar a comunicação no TikTok e no Instagram, enquanto os partidos tradicionais assistem sentados e não conseguem chegar aos jovens porque não sabem onde eles estão e quando estão.
Onde vemos estes partidos mais tradicionais a combater as fakenews, a desinformação que os corrói para depois os atacar até à destruição? Onde vemos os líderes a falar diretamente com os jovens nas redes sociais? Estes não estão no Twitter nem no Facebook e André Ventura sabe-o bem.
A extrema-direita está mais “engajada”, cá dentro e lá fora, e explora as redes em todas as suas dimensões. Quase todos os outros movimentos políticos continuam a marcar passo num tempo que já lá vai.